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angústia, nominação realO topos da angústia
no paradoxo que isso comporta do lado do inominável. Isso
porque esse objeto não tem nada em comum com aquilo
que se pode chamar comumente de objeto. Contudo é a
própria clínica que exige de nós essa modificação: pela
modulação incessante do sujeito nos álibis que encontra
frente a sua responsabilidade com a sua causa a demarcar,
numa tentativa de reenvio infinito a sua própria imagem
narcísica e aos objetos de sua identificação, pelo gozo
mesmo que se oculta como o segredo do sintoma criando
seu próprio espaço. É a angústia que arranca o sujeito
de sua alienação e o conduz na direção de uma análise
ao mesmo tempo em que ela é o vetor mesmo do que se
afirma como o trabalho propriamente dito.
Trata-se de um objeto paradoxal que se decanta
das formas de perda de objeto em Freud e que Lacan
enumera como cinco: seio, fezes, falo, voz e olhar. Objetos
destacáveis, mas que não podem ser compartilhados, são
anteriores à constituição dos objetos comuns e formam
o próprio tecido da articulação fantasmática. Se na via
de constituição do sujeito a partir do traço unário, o
reconhecimento da imagem do corpo é ressaltado para
o sujeito no espelho do Outro, nem por isso se esgota o
ponto de articulação desse real do corpo de cuja errância
dá testemunho desse objeto a.
A emergência do termo objeto a se constitui,
no Seminário sobre a Angústia, a partir de uma série de
modificações que Lacan introduz em seu ensino e cujas
86 Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 79-85, 2015
no paradoxo que isso comporta do lado do inominável. Isso
porque esse objeto não tem nada em comum com aquilo
que se pode chamar comumente de objeto. Contudo é a
própria clínica que exige de nós essa modificação: pela
modulação incessante do sujeito nos álibis que encontra
frente a sua responsabilidade com a sua causa a demarcar,
numa tentativa de reenvio infinito a sua própria imagem
narcísica e aos objetos de sua identificação, pelo gozo
mesmo que se oculta como o segredo do sintoma criando
seu próprio espaço. É a angústia que arranca o sujeito
de sua alienação e o conduz na direção de uma análise
ao mesmo tempo em que ela é o vetor mesmo do que se
afirma como o trabalho propriamente dito.
Trata-se de um objeto paradoxal que se decanta
das formas de perda de objeto em Freud e que Lacan
enumera como cinco: seio, fezes, falo, voz e olhar. Objetos
destacáveis, mas que não podem ser compartilhados, são
anteriores à constituição dos objetos comuns e formam
o próprio tecido da articulação fantasmática. Se na via
de constituição do sujeito a partir do traço unário, o
reconhecimento da imagem do corpo é ressaltado para
o sujeito no espelho do Outro, nem por isso se esgota o
ponto de articulação desse real do corpo de cuja errância
dá testemunho desse objeto a.
A emergência do termo objeto a se constitui,
no Seminário sobre a Angústia, a partir de uma série de
modificações que Lacan introduz em seu ensino e cujas
86 Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 79-85, 2015