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Nestor Lima Vazangústia, nominação real

isso, de início, esse próprio objeto-causa, inscrito nessa
fórmula que faz a própria finitude de seu destino no que
fecha o desejo em sua raiz. O Outro não é o Outro do
reconhecimento, mas justamente o Outro da angústia em
sua função nodal na dialética e no mal-estar. O Outro do
reconhecimento funda justamente o campo imaginário
e narcísico descrito no esquema ótico desenvolvido
por Lacan. Reconhecimento fadado à invasão de Das
Unheimlich quando o duplo ganha vida e enseja uma
possessão que não dá mais ao sujeito condições de saber
quem age.

Vemos aqui se destacar exatamente o objeto a,
que é esse resto que cai do Outro na formação do sujeito,
e o – φ, reserva operatória, isto é, permite uma operacio-
nalidade em torno desse vazio que é instituído pela queda
do objeto e que é a própria condição do desejo. O objeto
a começa a ganhar uma abordagem que vai instituí-lo do
lado do real, enquanto que – φ é uma função derivada de
Φ e parece ter uma função mais local, enquanto que este
último teria uma mais global. De qualquer forma, a modi-
ficação do esquema ótico aqui só poderia ser explicada pela
topologia do cross-cap que é a única indicação que darei,
embora Lacan tente reunir essas duas vias.

O corte pode instituir dois pedaços, duas peças diferentes,
uma que pode ter uma imagem especular e outra que literal-
mente não a tem. A relação dessa reserva, (...) inapreensível
imaginariamente, ainda que ela seja ligada a um órgão... per-
feitamente apreensível, isto é, de um instrumento que deve-

Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 79-85, 2015 91
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