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Nestor Lima Vaz

repercussões sobre a clínica ainda não cessaram de trazer

novas questões. Em primeiro lugar, trata-se de responder

a certas questões da teoria freudiana em relação à angústia,

principalmente no seu texto “Inibição, Sintoma e Angús-

tia” (FREUD, v. XX, 1976). Se a angústia aparece como um

afeto primário que coparticipa da emergência do recalca-

mento originário, seria necessário articular as condições

de sua emergência, embora o seu lugar de manifestação

seja o Eu.

A relação entre a angústia e a castração é o

centro em relação ao qual as perdas de objetos anteriores

podem ser articuladas. Lacan ao afirmar que o lugar da

angústia é – φ, phallus negativizado, como operador da angústia, nominação real
falta, situa o seu objeto paradoxal. Se a angústia é não sem

objeto é porque nem a angústia tem um objeto no campo

da objetividade, no sentido kantiano, e nem, tampouco, a

angústia é sem objeto, isto é, que ela ficaria remetida a um

vazio. A novidade trazida por Lacan é que a angústia só

pode se referir ao que constitui o campo desse objeto não

especularizável, invisível para um certo modo de apreensão.

Em termos comuns na clínica, quando se fala

da fobia, há uma suposição de que ela define um objeto

ao contrário da angústia. Quando os sujeitos falam da

angústia se referem a um vazio, pois não podem apreender

o objeto de que se trata. Lacan nos diz sobre Hans: “Os

cavalos brotam da angústia, mas o que eles trazem consigo

é o medo” (LACAN, 1994, p. 245). O maior problema da

Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 79-85, 2015 87
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