Page 19 - Revista ATO Ano 4 N 4
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Cláudia Aparecida de Oliveira LeiteA economia pulsional, o gozo e sua lógica

Em sua obra intitulada Begriffsschift3, Frege (1978) propõe
construir uma linguagem por fórmulas de pensamento
puro, imitando a linguagem aritmética, sendo uma lingua-
gem simbólica artificial. A conceitografia fregeana, como
toda linguagem simbólica, tem por objetivo substituir a
linguagem natural. Pois, para Frege, esta possui insufi-
ciências e pode provocar deduções ilegítimas, logo, impró-
prias ao uso científico. A conceitografia seria, portanto, um
meio preciso para veicular conceitos, tendo seu domínio
em determinados campos científicos. O núcleo da amplia-
ção do campo da lógica realizada por Frege encontra-se em
sua teoria do conceito.4 O que tradicionalmente se chama
“conceito” nada mais é para Frege do que uma função que
tem para qualquer argumento um valor de verdade. A ex-
tensão de um conceito pode também ser entendida como
o conjunto de objetos que caem sob esse conceito. Frege
refere-se ao conceito em seu sentido lógico, denunciando
que essa palavra é empregada de diversos modos; em parte,
no sentido psicológico, em parte, no sentido lógico e, em
parte, talvez, confusa, mistura ambos.

3 Alguns autores traduzem o termo Begriffsschift por conceitografia; outros
preferem o termo ideografia.

4 “Sobre o conceito e o objeto” – Über Begriff und Gegenstand –, artigo
publicado por Frege também em 1892. O artigo é uma resposta a Benno
Kerry que, numa série de artigos, referiu-se aos escritos de Frege em
acordo com algumas partes e em desacordo com outras. Frege entende
que as críticas de Kerry recaem sobre a má compreensão que este último
faz do “conceito” e, dessa forma, decide discorrer sobre esse tema.

Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, ano 4, n. 4, p. 13-27, 2018 19
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