Page 21 - Revista ATO Ano 4 N 4
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Cláudia Aparecida de Oliveira LeiteA economia pulsional, o gozo e sua lógica

De maneira semelhante, Frege (1983) deriva a definição de
número em termos do conceito de “equinumerosidade”,
um termo que foi introduzido na discussão dos “Funda-
mentos da Matemática” por Georg Cantor (1845-1918). A
palavra “equinumérico” pode ser definida em termos pu-
ramente lógicos e denota uma propriedade de um concei-
to. Dois conceitos são “equinuméricos” se os itens que se
incluem em um deles puderem ser colocados em corres-
pondência de um para um com os itens que se incluem no
outro.

Nesse ponto, foi possível definir o primeiro dos números
naturais – o Zero –, e a relação de sucessão pela qual os nú-
meros restantes são determinados. Ou seja, Frege (1983)
define o Zero como o número que pertence ao conceito
‘não idêntico a si mesmo’, portanto, não tem extensão. Pitt
nos esclarece melhor essas definições:

A partir dessas definições podemos ver que Frege na sua
definição de número utiliza termos lógicos como conceito,
extensão de conceito e equinumerosidade. O objetivo do
seu logicismo em fundamentar a Aritmética em princípios
lógicos necessitava que o objeto mais próximo dessa ciên-
cia, digo, o número cardinal, fosse desvendado a partir de
noções elementares da lógica. A inovação de Frege ao rela-
cionar os números a conceitos e não a objetos possibilitou
a definição dos números individuais como um objeto lógico
definido como a extensão do conceito de segunda ordem
“equinumérico a...”. Sem dúvida, o princípio que uma atri-
buição numérica contém uma predicação de um conceito, é
considerado por Frege o resultado mais importante de Os
Fundamentos da Aritmética (PITT, 2009, p. 48).

Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, ano 4, n. 4, p. 13-27, 2018 21
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