Page 22 - Revista ATO Ano 4 N 4
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A economia pulsional, o gozo e sua lógicaDe um resto que ainda resta: o traço e a lógica

Se o Zero é o conceito de “não ser idêntico a si mesmo”,
possuindo um escopo vazio, não haverá equinumerosida-
de entre um conceito que nada subsume com um conceito
que ocorre a presença de um ou mais objetos. Se associar-
mos o número ‘0’ à extensão do conceito “ser equinuméri-
co ao conceito ‘não ser idêntico a si mesmo’” porque esse
conceito apresenta uma extensão vazia, logo associamos o
número ‘1’ à extensão do conceito “ser equinumérico ao
conceito ‘ser igual a 0’”, pois sob esse conceito cai exclusi-
vamente o objeto ‘0’. Dessa maneira, o ‘2’ é definido como a
extensão do conceito “ser equinumérico ao conceito ‘igual
a 0 ou ‘1’”. Assim a sucessão dos números cardinais segui-
riam a mesma direção. A elucidação de Pitt (2009) pode
nos auxiliar:

[...] portanto, para Frege, segundo as suas elucidações, o
número cardinal que vem para a extensão do conceito “ser
equinumérico ao conceito ‘ser igual a 0’” é ‘1’ e este segue
imediatamente na série natural dos números a ‘0’. Da mes-
ma maneira, a relação de sucessor faz com que o ‘2’ siga
imediatamente na série natural dos números a ‘1’ e, assim
por diante, Somente a elucidação lógica de seguir-se numa
série é que torna possível reconduzir as leis lógicas gerais
à forma de inferência de n para (n + 1) que é tão comum
na Matemática. Frege, a partir dessas definições, considera
que cada número cardinal, à exceção do ‘0’, segue-se ime-
diatamente na série natural dos números a um número car-
dinal (PITT, 2009, p. 49).

Durante as elaborações de “O Seminário 12: problemas
cruciais para a psicanálise”, na lição de 3 de março de 1965,
Lacan destaca que:

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