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Viviane Gambogi Cardoso angústia, nominação real

os dois, tempo de gozo absoluto. Num segundo tempo,
surge a angústia do Outro, o A , com a falta. E um terceiro
momento, surge a angústia do sujeito, e este também está
barrado, S.

É, pois, a queda do objeto, o resto, o resíduo, que
está na raiz da angústia. A barra incide sobre o sujeito e faz
cair o objeto num só golpe. O objeto a como testemunha de
um gozo perdido no Outro, marcando que não há relação
sexual. Objeto que pode vir a causar desejo.

A partir da castração temos a marcação de - φ,
lugar vazio, lugar da falta, que dá uma imagem a a, aceita
qualquer vestimenta para cobrir esta falta. Surge então a
miragem do objeto do desejo. O objeto a não se reflete, é
não especularizável, inclusão aí do real. É o objeto a que
dá o ponto de basta, um limite, uma não reflexão. Lacan
nos indica, num final de análise, a levar o sujeito a chegar
ao mínimo do seu laço social, que é ao objeto. Assim, a
análise chega a um discurso mínimo, onde as palavras não
contam, mas somente o laço social do sujeito a um objeto
que o determina. Não há relação sexual, a única relação é a
relação fantasmática.

Com a travessia do fantasma, o sujeito muda de
posição com relação ao objeto. Este passa a ser colocado
atrás do sujeito, causando-o, e não mais à frente como algo
a ser reencontrado. Parece ser essa a inovação de Lacan
com relação ao final de análise, marcando um mais além
de Freud.

Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 97-109, 2015 103
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