Page 104 - revista_ato (1)
P. 104
angústia, nominação realAngústia, nominação real
Assim, o analista ocupa o lugar de agente, lugar
da causa, semblante de objeto a; diferente do lugar de
ideal ao qual é chamado a ocupar na transferência. Em vez
de responder a partir de um saber que possa levar a uma
identificação com um ideal, deve responder a partir do ato
analítico.
Lacan, no Seminário da Angústia, parte da
constituição do sujeito, de sua estrutura para chegar ao
novo status do objeto como real e como causa. Ele recorre
à dialética do narcisismo para introduzir a questão do
investimento especular e, como vimos, utiliza do esquema
do vaso para desenvolver suas elaborações. Ele diz que “o
investimento da imagem especular é um tempo fundamental
da relação imaginária. É fundamental por ter um limite.
Nem todo investimento libidinal passa pela imagem
especular. Há um resto” (LACAN, 2005, p.48-49).
Para lidar com o que escapa à especularização,
Lacan recorre ao cross-cap cujo corte pode instituir dois
pedaços diferentes, um que pode ter uma imagem especular
e outro que literalmente não a tem. Articula-se, então, a
relação entre φ e a constituição do a. De um lado, a reserva
imaginariamente imperceptível, embora esteja ligada a um
órgão que ainda é perfeitamente apreensível e que, apesar
de tudo, de vez em quando deverá entrar em ação para a
satisfação do desejo: o falo. Do outro, o a, que é o resto, o
resíduo, o objeto cujo status escapa ao de objeto derivado da
imagem especular. Seu status é tão difícil de articular, que
104 Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 97-109, 2015
Assim, o analista ocupa o lugar de agente, lugar
da causa, semblante de objeto a; diferente do lugar de
ideal ao qual é chamado a ocupar na transferência. Em vez
de responder a partir de um saber que possa levar a uma
identificação com um ideal, deve responder a partir do ato
analítico.
Lacan, no Seminário da Angústia, parte da
constituição do sujeito, de sua estrutura para chegar ao
novo status do objeto como real e como causa. Ele recorre
à dialética do narcisismo para introduzir a questão do
investimento especular e, como vimos, utiliza do esquema
do vaso para desenvolver suas elaborações. Ele diz que “o
investimento da imagem especular é um tempo fundamental
da relação imaginária. É fundamental por ter um limite.
Nem todo investimento libidinal passa pela imagem
especular. Há um resto” (LACAN, 2005, p.48-49).
Para lidar com o que escapa à especularização,
Lacan recorre ao cross-cap cujo corte pode instituir dois
pedaços diferentes, um que pode ter uma imagem especular
e outro que literalmente não a tem. Articula-se, então, a
relação entre φ e a constituição do a. De um lado, a reserva
imaginariamente imperceptível, embora esteja ligada a um
órgão que ainda é perfeitamente apreensível e que, apesar
de tudo, de vez em quando deverá entrar em ação para a
satisfação do desejo: o falo. Do outro, o a, que é o resto, o
resíduo, o objeto cujo status escapa ao de objeto derivado da
imagem especular. Seu status é tão difícil de articular, que
104 Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 97-109, 2015