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Viviane Gambogi Cardoso angústia, nominação real
Lacan situa aí as confusões na teoria analítica. Ele diz que
se trata de instituir uma outra forma de imaginarização, na
qual se defina esse objeto.
A impossibilidade de apreensão e representação
do objeto faz Lacan remanejar sua escrita. Ele utiliza o
cross-cap como “um recurso topológico para esclarecer a
relação do sujeito com o objeto” (GODOY, 2003, p. 176).
Essa figura é uma superfície contínua, na qual o interior
está em continuidade com o exterior. Portanto, não há
possibilidade de indicar o ponto de partida, mas deixa no
centro um ponto inimaginável. Desse ponto central deriva
o falo que se apresenta sob a forma de uma falta, um - φ.
Essa figura topológica foi para Lacan outro
caminho para abordar a possibilidade de um tipo irredutível
de falta.
Lacan diz que
quanto mais o homem se aproxima, cerca e afaga o que
acredita ser o objeto de seu desejo, mais é, na verdade,
afastado, desviado dele. Tudo que ele faz nesse caminho para
se aproximar disso dá sempre mais corpo ao que, no objeto
desse desejo, representa a imagem especular. Quanto mais
ele segue, mais quer, no objeto de seu desejo, preservar,
manter e proteger o lado intacto do vaso primordial que é a
imagem especular. Quanto mais envereda por esse caminho,
que muitas vezes é impropriamente chamado de via da
perfeição da relação de objeto, mais ele é enganado (LACAN,
2005, p.51).
Na experiência analítica, a falta é radical. 105
Lacan a enuncia com a seguinte formulação: “a partir do
Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 97-109, 2015
Lacan situa aí as confusões na teoria analítica. Ele diz que
se trata de instituir uma outra forma de imaginarização, na
qual se defina esse objeto.
A impossibilidade de apreensão e representação
do objeto faz Lacan remanejar sua escrita. Ele utiliza o
cross-cap como “um recurso topológico para esclarecer a
relação do sujeito com o objeto” (GODOY, 2003, p. 176).
Essa figura é uma superfície contínua, na qual o interior
está em continuidade com o exterior. Portanto, não há
possibilidade de indicar o ponto de partida, mas deixa no
centro um ponto inimaginável. Desse ponto central deriva
o falo que se apresenta sob a forma de uma falta, um - φ.
Essa figura topológica foi para Lacan outro
caminho para abordar a possibilidade de um tipo irredutível
de falta.
Lacan diz que
quanto mais o homem se aproxima, cerca e afaga o que
acredita ser o objeto de seu desejo, mais é, na verdade,
afastado, desviado dele. Tudo que ele faz nesse caminho para
se aproximar disso dá sempre mais corpo ao que, no objeto
desse desejo, representa a imagem especular. Quanto mais
ele segue, mais quer, no objeto de seu desejo, preservar,
manter e proteger o lado intacto do vaso primordial que é a
imagem especular. Quanto mais envereda por esse caminho,
que muitas vezes é impropriamente chamado de via da
perfeição da relação de objeto, mais ele é enganado (LACAN,
2005, p.51).
Na experiência analítica, a falta é radical. 105
Lacan a enuncia com a seguinte formulação: “a partir do
Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 97-109, 2015