Page 98 - revista_ato (1)
P. 98
angústia, nominação realAngústia, nominação real

abordagem principal apontou para a questão do real, do
feminino e da nominação. O movimento de Escola a partir
do feminino fez disparar a angústia como sinal do real e
colocou-nos a questão sobre o que fazer com isso. Com
o nó borromeano, Lacan nos fez ver que quando o real se
imiscui no imaginário, abre-se uma cunha que bordeja
o gozo do outro. Isso é a angústia, uma angústia que se
escreve no interior do corpo, ex-sistindo. Essa borda
permite uma escritura, nominação real.

Propusemos trabalhar o Seminário 10 de Lacan,
cujo tema é a angústia, para dar encaminhamento às
questões levantadas, e nos deparamos com a abordagem
do objeto a no centro das discussões. Lacan já havia
introduzido o objeto a há muito tempo, mas aqui ele lhe dá
um novo status, o de objeto real.

O Seminário 10 foi consequência do que Lacan
desenvolveu no seminário anterior, A Identificação, no qual
abordou a relação do sujeito com o objeto a no campo do
Outro.

A questão da angústia se coloca, então, na
incidência dessa relação. Ela estaria situada, justamente,
no enigma, na impossibilidade de uma especificação
exaustiva do lugar do Outro em que o sujeito se determina.
Portanto, é no jogo da dialética entre o sujeito e o Outro,
em que o sujeito não sabe o que é para o Outro e o que o
Outro quer dele, ou seja, no lugar do “Che vuoi?”, que a
angústia opera como função. O sujeito, diante da presença

98 Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 97-109, 2015
   93   94   95   96   97   98   99   100   101   102   103