Page 42 - Revista ATO Ano 4 N 4
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A economia pulsional, o gozo e sua lógicaO que se perde no nível da pulsão
mesmo radical para linguagem sprache.2 A etimologia do
termo vingança vem do latim, vindicare, “liberar, clamar,
tomar desforra”, relacionado à vindicta, “vingança”, prova-
velmente de vim dicta, “mostrar autoridade”, de vim, “for-
ça”, mais a raiz de dicere, “dizer”.3 Portanto, é a força no
dizer. Freud assinala que “a linguagem serve de substituto
para a ação; com sua ajuda, uma emoção pode ser ‘ab-reagi-
da’ quase que com a mesma eficácia” (BREUER; FREUD,
1893, p. 49). A ab-reação não é simplesmente uma reação e
nem é não-reação, é outra coisa. Agir e reagir estão no eixo
imaginário; a ab-reação inclui o simbólico, o dizer, inclui a
enunciação, é um bem-dizer.
Freud (1893) inclusive se vê atraído pelo uso de expressões
somáticas usadas por suas pacientes para as emoções que
vivem. Ele diz que ao sentir a “punhalada no coração”, ou
a “bofetada na face”, a histérica não toma liberdade com as
palavras, ela simplesmente revive as sensações às quais a
expressão verbal deve sua justificativa. Com Darwin, Freud
compreendeu que a expressão das emoções consistia an-
tes em ações, que originalmente possuíam um significado
e serviam a uma finalidade, contudo, ao longo do tempo,
essas ações se enfraqueceram de tal forma que passaram a
ser expressas em sentido figurado, ou descritas em sentido
literal pelas palavras. Pode-se dizer que o enfraquecimento
das emoções estaria ligado ao acesso à linguagem, ou seja,
2 Notas do Seminário de Sergio Becker.
3 Quem sou eu: origem da palavra vingança/binho-quemsoueu.blogspot.
com.br
42 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, ano 4, n. 4, p. 39-49, 2018
mesmo radical para linguagem sprache.2 A etimologia do
termo vingança vem do latim, vindicare, “liberar, clamar,
tomar desforra”, relacionado à vindicta, “vingança”, prova-
velmente de vim dicta, “mostrar autoridade”, de vim, “for-
ça”, mais a raiz de dicere, “dizer”.3 Portanto, é a força no
dizer. Freud assinala que “a linguagem serve de substituto
para a ação; com sua ajuda, uma emoção pode ser ‘ab-reagi-
da’ quase que com a mesma eficácia” (BREUER; FREUD,
1893, p. 49). A ab-reação não é simplesmente uma reação e
nem é não-reação, é outra coisa. Agir e reagir estão no eixo
imaginário; a ab-reação inclui o simbólico, o dizer, inclui a
enunciação, é um bem-dizer.
Freud (1893) inclusive se vê atraído pelo uso de expressões
somáticas usadas por suas pacientes para as emoções que
vivem. Ele diz que ao sentir a “punhalada no coração”, ou
a “bofetada na face”, a histérica não toma liberdade com as
palavras, ela simplesmente revive as sensações às quais a
expressão verbal deve sua justificativa. Com Darwin, Freud
compreendeu que a expressão das emoções consistia an-
tes em ações, que originalmente possuíam um significado
e serviam a uma finalidade, contudo, ao longo do tempo,
essas ações se enfraqueceram de tal forma que passaram a
ser expressas em sentido figurado, ou descritas em sentido
literal pelas palavras. Pode-se dizer que o enfraquecimento
das emoções estaria ligado ao acesso à linguagem, ou seja,
2 Notas do Seminário de Sergio Becker.
3 Quem sou eu: origem da palavra vingança/binho-quemsoueu.blogspot.
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