Page 127 - Revista ATO Ano 4 N 4
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Regina MacênaA economia pulsional, o gozo e sua lógica
Contudo o conceito de autismo, proposto por Bleuler, ga-
nha nova concepção a partir dos estudos de Léo Kanner
– psiquiatra – que, em 1943, publica o artigo: “Os distúr-
bios autísticos do contato afetivo”, em que descreve uma
patologia, na qual as crianças observadas apresentavam di-
ficuldades de se relacionarem com outras pessoas desde
o início de suas vidas. A partir de então, o conceito de au-
tismo afasta-se da esquizofrenia e se estabelece enquanto
patologia.
Kanner estuda 11 casos de crianças e averigua que o que é
comum a elas é a incapacidade de estabelecer vínculo afe-
tivo desde o início da vida. Kanner faz disso o ponto fun-
damental para diferenciar o Autismo da Esquizofrenia in-
fantil (psicose), pois nesta última há um retraimento após
um contato afetivo normal no início da vida da criança, e
naquele, esse contato afetivo está ausente desde o início.
Sobre a linguagem, Kanner afirma que:
O vocabulário incrível das crianças que adquiriram a lingua-
gem, e excelente memória para acontecimentos ocorridos
há vários anos, a fenomenal capacidade de decorar poemas
e nomes e lembrar-se precisamente de sequências e es-
quemas complexos, testemunham uma boa inteligência no
sentido comumente aceito deste termo (KANNER, L., 1943
apud CAVALCANTI, A.; ROCHA, P., 2001, p. 44).
Kanner, então, pode ser considerado o primeiro psiquiatra
a descrever o autismo. Ele não foi o único a descrever estes
sinais de isolamento da criança, mas foi o primeiro a no-
Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, ano 4, n. 4, p. 121-137, 2018 127
Contudo o conceito de autismo, proposto por Bleuler, ga-
nha nova concepção a partir dos estudos de Léo Kanner
– psiquiatra – que, em 1943, publica o artigo: “Os distúr-
bios autísticos do contato afetivo”, em que descreve uma
patologia, na qual as crianças observadas apresentavam di-
ficuldades de se relacionarem com outras pessoas desde
o início de suas vidas. A partir de então, o conceito de au-
tismo afasta-se da esquizofrenia e se estabelece enquanto
patologia.
Kanner estuda 11 casos de crianças e averigua que o que é
comum a elas é a incapacidade de estabelecer vínculo afe-
tivo desde o início da vida. Kanner faz disso o ponto fun-
damental para diferenciar o Autismo da Esquizofrenia in-
fantil (psicose), pois nesta última há um retraimento após
um contato afetivo normal no início da vida da criança, e
naquele, esse contato afetivo está ausente desde o início.
Sobre a linguagem, Kanner afirma que:
O vocabulário incrível das crianças que adquiriram a lingua-
gem, e excelente memória para acontecimentos ocorridos
há vários anos, a fenomenal capacidade de decorar poemas
e nomes e lembrar-se precisamente de sequências e es-
quemas complexos, testemunham uma boa inteligência no
sentido comumente aceito deste termo (KANNER, L., 1943
apud CAVALCANTI, A.; ROCHA, P., 2001, p. 44).
Kanner, então, pode ser considerado o primeiro psiquiatra
a descrever o autismo. Ele não foi o único a descrever estes
sinais de isolamento da criança, mas foi o primeiro a no-
Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, ano 4, n. 4, p. 121-137, 2018 127