Page 131 - Revista ATO Ano 4 N 4
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Regina Macêna
se faz presente no lado do Outro que goza, do psicótico.
Lembremos de Schreber para o qual Deus (inferior e su-
perior) gozava dele, modificava seu corpo através dos raios
e impunha pensamentos em sua cabeça (FREUD, 1911).
Já, no autismo, a relação do sujeito com o Outro se dá por A economia pulsional, o gozo e sua lógica
meio de sua inexistência. O Outro e outro ocupam o lugar
de qualquer objeto e que muitas vezes serve de instrumen-
to. O outro semelhante não encarna o lugar do Outro, lu-
gar simbólico, referência da lei. Em um jogo de bola, por
exemplo, a criança autista decididamente ‘joga a bola’ na
direção oposta em que se encontra a analista. Isto faz com
que o Outro encarnado no outro analista inexista.
Retomamos um aspecto mencionado por Kanner quando
ele difere o autismo da esquizofrenia. Para Ribeiro (2005),
na psicose, há um retraimento da vinculação com o mundo
a partir de uma relação inicial existente. No autismo, essa
vinculação inicial sofre alteração desde o início.
Outro indicador teórico relevante vem dos estudos de Ma-
rie Christine Laznik. Segundo suas proposições, no autis-
mo não haveria a operação de alienação, devido à incomple-
tude do terceiro tempo do circuito pulsional, o que possui
relação direta com os operadores lógicos da alienação e se-
paração, propostos por Lacan (1964). Para ela, no autismo,
há “o fracasso da instauração da alienação do bebê na rela-
ção com o Outro” (LAZNIK, 2004, p. 200); enquanto que,
na psicose, não haveria o momento da separação.
Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, ano 4, n. 4, p. 121-137, 2018 131
se faz presente no lado do Outro que goza, do psicótico.
Lembremos de Schreber para o qual Deus (inferior e su-
perior) gozava dele, modificava seu corpo através dos raios
e impunha pensamentos em sua cabeça (FREUD, 1911).
Já, no autismo, a relação do sujeito com o Outro se dá por A economia pulsional, o gozo e sua lógica
meio de sua inexistência. O Outro e outro ocupam o lugar
de qualquer objeto e que muitas vezes serve de instrumen-
to. O outro semelhante não encarna o lugar do Outro, lu-
gar simbólico, referência da lei. Em um jogo de bola, por
exemplo, a criança autista decididamente ‘joga a bola’ na
direção oposta em que se encontra a analista. Isto faz com
que o Outro encarnado no outro analista inexista.
Retomamos um aspecto mencionado por Kanner quando
ele difere o autismo da esquizofrenia. Para Ribeiro (2005),
na psicose, há um retraimento da vinculação com o mundo
a partir de uma relação inicial existente. No autismo, essa
vinculação inicial sofre alteração desde o início.
Outro indicador teórico relevante vem dos estudos de Ma-
rie Christine Laznik. Segundo suas proposições, no autis-
mo não haveria a operação de alienação, devido à incomple-
tude do terceiro tempo do circuito pulsional, o que possui
relação direta com os operadores lógicos da alienação e se-
paração, propostos por Lacan (1964). Para ela, no autismo,
há “o fracasso da instauração da alienação do bebê na rela-
ção com o Outro” (LAZNIK, 2004, p. 200); enquanto que,
na psicose, não haveria o momento da separação.
Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, ano 4, n. 4, p. 121-137, 2018 131