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Maria Isabel Cunha Pimenta
perigo, uma perda (do amor, da mãe, do pênis...), leva ao
recalque da ideia, isto é, da situação de perigo, deixando o
afeto desligado, e gerando o mal-estar. Freud, portanto, a
define novamente em termos de uma perda para a qual ele
elabora três termos:
Angústia diante de um perigo real (Realangst).
A angústia se caracteriza por aquilo que a motiva, isto é,
um perigo externo que tem como causa a imaturidade
biológica do ser humano.
Angústia automática (Automatische Angst).
Aqui, a angústia é uma reação a uma situação traumática de
origem social, e é através dela que o organismo se defende
espontaneamente. angústia, nominação real
Sinal de angústia (Angstsignal). A angústia
é neste caso a reprodução, sob forma atenuada, de uma
situação traumática que foi primitivamente vivenciada. O
sinal de angústia é, portanto, um mecanismo puramente
psíquico que funciona como um símbolo mnêmico e
permite ao ‘eu’ reagir através de uma defesa.
Se, para Freud, a angústia é causada por uma
falta do objeto, por uma separação da mãe ou do falo,
para Lacan a angústia não está ligada a uma falta objetal.
Ela sempre surge em uma relação entre o sujeito e uma
ausência estrutural, antes mesmo de ter existido aquilo que
Freud chama de Das Ding, pois a incompletude é condição
de existência do ser. Para Lacan, então, há um objeto que
não é propriamente perdido, como somos levados a crer. 61
Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 59-67, 2015
perigo, uma perda (do amor, da mãe, do pênis...), leva ao
recalque da ideia, isto é, da situação de perigo, deixando o
afeto desligado, e gerando o mal-estar. Freud, portanto, a
define novamente em termos de uma perda para a qual ele
elabora três termos:
Angústia diante de um perigo real (Realangst).
A angústia se caracteriza por aquilo que a motiva, isto é,
um perigo externo que tem como causa a imaturidade
biológica do ser humano.
Angústia automática (Automatische Angst).
Aqui, a angústia é uma reação a uma situação traumática de
origem social, e é através dela que o organismo se defende
espontaneamente. angústia, nominação real
Sinal de angústia (Angstsignal). A angústia
é neste caso a reprodução, sob forma atenuada, de uma
situação traumática que foi primitivamente vivenciada. O
sinal de angústia é, portanto, um mecanismo puramente
psíquico que funciona como um símbolo mnêmico e
permite ao ‘eu’ reagir através de uma defesa.
Se, para Freud, a angústia é causada por uma
falta do objeto, por uma separação da mãe ou do falo,
para Lacan a angústia não está ligada a uma falta objetal.
Ela sempre surge em uma relação entre o sujeito e uma
ausência estrutural, antes mesmo de ter existido aquilo que
Freud chama de Das Ding, pois a incompletude é condição
de existência do ser. Para Lacan, então, há um objeto que
não é propriamente perdido, como somos levados a crer. 61
Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 59-67, 2015