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angústia, nominação realAngústia
A escuta analítica e a elaboração teórica da ori-
gem do mal-estar levaram à construção de um conceito
para manejar tudo aquilo que pode ser encontrado sob as
formas do sintoma, ou nas formações do inconsciente. Re-
conhecemos, desta maneira, no dizer que a angústia não é
sem objeto, a estreita relação que a liga ao falo ou a seus
equivalentes. Mas é preciso ressaltar que objeto é essa
condição de incompletude do humano, que por não ter es-
tado lá desde sempre, existe por sua negatividade. Ele é a
solução possível para lidar com o imponderável da existên-
cia. Esse objeto sentido como faltante e especificamente
relacionado com a angústia, Lacan qualifica de suporte, e
depois de causa do desejo, chamando-o de objeto a. Para
Lacan, sem ele não há angústia.
Para Miller, a angústia lacaniana é inspirada na
angústia sinal proposta por Freud, e permite a passagem
da realidade ao real, sendo correlativa da desaparição do
significante. É esta leitura que coloca em causa o desejo.
Esta mudança é muito importante para o
manejo da teoria, mas especialmente da escuta clínica. A
angústia não deve ser escutada como um transtorno ou
desfuncionamento. Não se trata de curar a angústia, mas
sim de atravessá-la, na direção do desejo. Segundo Lacan,
para que o sujeito seja, isto é, para que se possa falar em
sujeito, como dividido e desejante, é preciso a existência
de um objeto, causa de desejo. Surgirá a angústia se esse
objeto não vier a faltar, o que precipitará o sujeito na
situação de uma inquietante estranheza.
62 Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 59-67, 2015
A escuta analítica e a elaboração teórica da ori-
gem do mal-estar levaram à construção de um conceito
para manejar tudo aquilo que pode ser encontrado sob as
formas do sintoma, ou nas formações do inconsciente. Re-
conhecemos, desta maneira, no dizer que a angústia não é
sem objeto, a estreita relação que a liga ao falo ou a seus
equivalentes. Mas é preciso ressaltar que objeto é essa
condição de incompletude do humano, que por não ter es-
tado lá desde sempre, existe por sua negatividade. Ele é a
solução possível para lidar com o imponderável da existên-
cia. Esse objeto sentido como faltante e especificamente
relacionado com a angústia, Lacan qualifica de suporte, e
depois de causa do desejo, chamando-o de objeto a. Para
Lacan, sem ele não há angústia.
Para Miller, a angústia lacaniana é inspirada na
angústia sinal proposta por Freud, e permite a passagem
da realidade ao real, sendo correlativa da desaparição do
significante. É esta leitura que coloca em causa o desejo.
Esta mudança é muito importante para o
manejo da teoria, mas especialmente da escuta clínica. A
angústia não deve ser escutada como um transtorno ou
desfuncionamento. Não se trata de curar a angústia, mas
sim de atravessá-la, na direção do desejo. Segundo Lacan,
para que o sujeito seja, isto é, para que se possa falar em
sujeito, como dividido e desejante, é preciso a existência
de um objeto, causa de desejo. Surgirá a angústia se esse
objeto não vier a faltar, o que precipitará o sujeito na
situação de uma inquietante estranheza.
62 Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 59-67, 2015