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angústia, nominação realAngústia

é um conceito fechado, mas, sim, sempre revisto, sempre
revisitado, para que se possa escutá-la e, acompanhando a
evolução de sua abordagem, verificar como de um impasse
ela se torna elemento essencial à direção do tratamento.

A angústia foi trabalhada por Freud, a partir
de suas descobertas sobre o funcionamento psíquico,
considerando que a teoria ao avançar, e envolver novas
ligações, carrega consigo tudo o que nela se articula.

Por isso ele elaborou o que chamamos de duas
teorias da angústia.

A angústia é uma das primeiras preocupações
de Freud e desde o “Projeto” ele vai tentando entender
seu funcionamento na dinâmica do psiquismo humano.
Sua primeira abordagem é, na verdade, focando o aspecto
quantitativo, ou da distribuição da quantidade de energia
envolvida no mal-estar. Esta primeira teoria define a
angústia a partir da ideia de que uma experiência sexual
que promova a descarga acaba deixando um resto não
descarregado. Este resto de afeto não é passível de recalque
e fica ‘solto’ no corpo, provocando a angústia, pois com o
recalque do conteúdo ideativo a ele associado, o afeto não
tem a que se associar. O afeto desligado da ideia é sentido
como angústia.

A segunda teoria da angústia (1925-26) – num
segundo momento de teorização em que muitos conceitos
são revistos e reordenados – a reconhece como devida ao
despreparo para resolver uma situação, para enfrentar um

60 Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 59-67, 2015
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