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Maria Isabel Cunha Pimenta

É preciso acompanhar a teoria lacaniana tam-

bém em suas diferentes articulações reconhecendo que do

Seminário IV – A Relação de Objeto, ao Seminário X – A

Angústia há mudanças de posição quanto ao objeto. Lacan

começa no Seminário IV e continua no Seminário V – As

Formações do Inconsciente a elaboração da questão da an-

gústia e do tratamento do objeto pelo sujeito através da

‘solução’ fóbica, onde o seu aparecimento se dá quando

algo da fobia vai sendo abordado e amenizado.

E no Seminário VIII – A Transferência ele retoma

o objeto, aqui em suas formas imaginária e simbólica, de

maneira extensa e detalhada. O objeto simbólico, através

de seu símbolo ɸ, aponta o lugar onde se produz a falta angústia, nominação real
de significante que dê conta de nomear a experiência do

ser. Nesse Seminário ele aborda o que virá a retomar no

Seminário X: a importância das questões suscitadas pelo

desejo e pela demanda, e o mal-estar consequente das

soluções aí inventadas pelo sujeito.

Há no Seminário X a elaboração de uma nova

estrutura de falta, que passa pela topologia e dá lugar a um

estatuto inédito do corpo. Segundo Miller, nesse Seminário

Lacan promove uma desimaginarização do objeto, assim

como uma dessimbolização e uma dessignificantização.

Na primeira parte do Seminário X se exploram

e ao mesmo tempo se rompem os esquemas ópticos

(trabalhados no Seminário IV), e na segunda parte, embora

eles fiquem em algum lugar, agora criam outro espaço,

Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 59-67, 2015 63
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