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angústia, nominação realAngústia
onde o especular encontra novos termos e novas funções,
que já não se parecem com o estádio do espelho.
Podemos, a partir do Seminário X, reconhecer
que Lacan trata a angústia utilizando três pontos de re-
ferência – o gozo, a demanda e o desejo – com predomi-
nância da dimensão da relação do sujeito com o Outro. Do
encontro do sujeito com o Outro haveria uma divisão do
sujeito e a clivagem do Outro, mais a produção do objeto
a. Este resto constituinte do sujeito funciona como a causa
do desejo. Assim o desejo, segundo Lacan, não estaria pro-
metido à completude, pois seria decorrente de uma perda
na qual a causação do sujeito se funda.
É a partir do desejo do Outro, que incide sobre
o corpo do bebê, na forma da demanda, que podemos falar
da possibilidade de uma subjetividade. E será na medida
em que esse ser, atendendo a tal demanda, e fazendo-a
sua, vai tornar esse outro qualquer em um Outro. Está
aí o primeiro passo da construção do sujeito que sai da
ordem da pura necessidade, satisfaz a demanda, na forma
da reciprocidade e do amor, mas onde algo resta, que é
o desejo. É na dinâmica entre necessidade, demanda e
desejo que se dá a construção de um objeto. As soluções
são e serão sempre parciais, como parciais são as pulsões
satisfeitas às vezes no encontro possível, mas muitas vezes
nos desencontros, deixando um resto inassimilável. O
mesmo encontro que satisfaz parcialmente o desejo, em
sua parcela de insatisfação é marcado pelo gozo.
64 Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 59-67, 2015
onde o especular encontra novos termos e novas funções,
que já não se parecem com o estádio do espelho.
Podemos, a partir do Seminário X, reconhecer
que Lacan trata a angústia utilizando três pontos de re-
ferência – o gozo, a demanda e o desejo – com predomi-
nância da dimensão da relação do sujeito com o Outro. Do
encontro do sujeito com o Outro haveria uma divisão do
sujeito e a clivagem do Outro, mais a produção do objeto
a. Este resto constituinte do sujeito funciona como a causa
do desejo. Assim o desejo, segundo Lacan, não estaria pro-
metido à completude, pois seria decorrente de uma perda
na qual a causação do sujeito se funda.
É a partir do desejo do Outro, que incide sobre
o corpo do bebê, na forma da demanda, que podemos falar
da possibilidade de uma subjetividade. E será na medida
em que esse ser, atendendo a tal demanda, e fazendo-a
sua, vai tornar esse outro qualquer em um Outro. Está
aí o primeiro passo da construção do sujeito que sai da
ordem da pura necessidade, satisfaz a demanda, na forma
da reciprocidade e do amor, mas onde algo resta, que é
o desejo. É na dinâmica entre necessidade, demanda e
desejo que se dá a construção de um objeto. As soluções
são e serão sempre parciais, como parciais são as pulsões
satisfeitas às vezes no encontro possível, mas muitas vezes
nos desencontros, deixando um resto inassimilável. O
mesmo encontro que satisfaz parcialmente o desejo, em
sua parcela de insatisfação é marcado pelo gozo.
64 Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 59-67, 2015