Page 29 - revista_ato (1)
P. 29
Crasso Campanha Parente
za-se desse recurso e vai vivendo com seu parceiro fantasma,
mas em determinada época da sua vida, a operação que o
fantasma facilita não consegue mais dar conta de responder
ao Outro, ao gozo do Outro, levando-o a demandar ajuda.
O sujeito chega ao consultório para demandar
uma análise quando o fantasma deixou de operar como
máquina de produzir prazer e o paciente está preso em
repetições sintomáticas. Ele busca em uma análise recu-
perar as condições para o prazer, produzidas anteriormen-
te pelo fantasma, ou seja, o gozo do Um que o fantasma
tentava recuperar na repetição. O sujeito relata sua queixa
e seu mal-estar causados por seu sintoma, o que apresento
através de um fragmento clínico: angústia, nominação real
José tem 50 anos e chegou ao consultório para
primeira entrevista após perder-se na cidade. Teve mui-
ta dificuldade para encontrar o caminho do consultório.
Queixava-se de estar esquecido e de que a sua memória
se perdeu depois de ter sofrido um derrame. Às vezes não
consegue lembrar-se de algumas palavras que se perdem
no encadeamento do seu pensamento. Ao relatar sua histó-
ria refere-se ao seu pai como muito autoritário e que che-
gava a espancar os seus irmãos. Mas ele nunca apanhou de
seu pai, porque a sua mãe o defendia dele. Ela acobertava
seus malfeitos. Quando estava ameaçado, corria para o colo
de sua mãe ou se escondia debaixo da cama. Ele respondia
a essa mãe do lugar do filho amado. Conseguiu cursar uma
faculdade e formar-se. Casou-se e não teve filhos. Traba-
Revista da Ato – Escola de psicanálise | Belo Horizonte | Angústia | Ano I n. 0 | 2015 29
za-se desse recurso e vai vivendo com seu parceiro fantasma,
mas em determinada época da sua vida, a operação que o
fantasma facilita não consegue mais dar conta de responder
ao Outro, ao gozo do Outro, levando-o a demandar ajuda.
O sujeito chega ao consultório para demandar
uma análise quando o fantasma deixou de operar como
máquina de produzir prazer e o paciente está preso em
repetições sintomáticas. Ele busca em uma análise recu-
perar as condições para o prazer, produzidas anteriormen-
te pelo fantasma, ou seja, o gozo do Um que o fantasma
tentava recuperar na repetição. O sujeito relata sua queixa
e seu mal-estar causados por seu sintoma, o que apresento
através de um fragmento clínico: angústia, nominação real
José tem 50 anos e chegou ao consultório para
primeira entrevista após perder-se na cidade. Teve mui-
ta dificuldade para encontrar o caminho do consultório.
Queixava-se de estar esquecido e de que a sua memória
se perdeu depois de ter sofrido um derrame. Às vezes não
consegue lembrar-se de algumas palavras que se perdem
no encadeamento do seu pensamento. Ao relatar sua histó-
ria refere-se ao seu pai como muito autoritário e que che-
gava a espancar os seus irmãos. Mas ele nunca apanhou de
seu pai, porque a sua mãe o defendia dele. Ela acobertava
seus malfeitos. Quando estava ameaçado, corria para o colo
de sua mãe ou se escondia debaixo da cama. Ele respondia
a essa mãe do lugar do filho amado. Conseguiu cursar uma
faculdade e formar-se. Casou-se e não teve filhos. Traba-
Revista da Ato – Escola de psicanálise | Belo Horizonte | Angústia | Ano I n. 0 | 2015 29