Page 25 - revista_ato (1)
P. 25
Crasso Campanha Parente

ciado imaginariamente como ameaça à sua própria exis-

tência durante o complexo de Édipo, onde o falo é o pivô

inicial e que termina com a inscrição da castração, tendo

como consequência a interdição do incesto, inscrevendo

assim a falta no Outro e no sujeito.

De acordo com as elaborações lacanianas do in-

consciente freudiano no Seminário 5 (1957/58), o processo

de inscrição da falta que a criança vivencia durante o com-

plexo de Édipo – que finaliza com a operação da castração,

que é a inscrição da falta no simbólico – é antecedido pela

inscrição da falta no imaginário e no real, ambas vividas

respectivamente com a frustração e privação, nos três tem-

pos do Édipo. A falta é introduzida já logo após o nasci- angústia, nominação real

mento, quando ainda é dependente do Outro que lhe cuida

e a alimenta. Durante esse tempo, a mãe real vai marcando

de forma própria essa criança. Ela se ausenta e também

responde às demandas dessa criança de modo próprio,

deixando faltar algo. Nesse jogo de presença-ausência vai

sendo constituída a mãe simbólica, conforme descrito por

Freud no jogo do fort-da. Assim, a mãe simbólica introduz

a frustração, a falta de um objeto real, o seio materno. A

criança percebe que sua mãe não responde às suas deman-

das porque ela deseja outra coisa, o falo. Isso faz a criança

se identificar com esse objeto. Mas, ele não é capaz de sa-

tisfazer a sua mãe. Quem possui o objeto de desejo ma-

terno é o pai. Isso permitirá à criança alcançar o segundo

tempo do Édipo.

Revista da Ato – Escola de psicanálise | Belo Horizonte | Angústia | Ano I n. 0 | 2015 25
   20   21   22   23   24   25   26   27   28   29   30