Page 27 - revista_ato (1)
P. 27
Crasso Campanha Parente

por um ideal. A castração é a operação que permitirá à

criança sair dessa posição, porque ela barra a mãe, abrindo

caminho para que essa criança se constitua como sujeito.

Ao sair dessa posição de objeto de gozo do Outro, a criança

deixa nesse Outro a marca de sua castração e extrai o traço

unário, significante do amor do Outro, o S1.

A partir da extração do S1 e de sua articulação

com os significantes do Outro, o S2, o inconsciente se

estruturará como uma linguagem e o sujeito poderá ser

representado. Segundo Lacan (1969/70), no funcionamento

do inconsciente, o Significante unário, S1, representa um

sujeito, S, para o significante binário, S2, tendo como

produto o objeto a, que é extraído do Outro. A extração angústia, nominação real

do objeto a permite que o Outro seja barrado e libera a

criança para se apropriar de suas formas de gozo.

Para falar do gozo, Lacan em seu último ensino

vai trabalhar com o nó Borromeano. O nó é uma cadeia,

um apoio ao pensamento, um recurso topológico, uma

escritura. Foi citado pela primeira vez no Seminário 19 e

apresentado no final do Seminário 20 como um nó de três

elos – real, simbólico e imaginário. Mas foi no Seminário

“A Terceira” que Lacan falou do Real do gozo e da inter-

relação dos registros: Real, Simbólico e Imaginário. 

Desde que introduziu o nó borromeano até o

Seminário RSI, Lacan (1974-1975) trabalhou com o nó

borromeano de três termos. Foi pensando em Freud e no

seu complexo de Édipo durante esse seminário, que Lacan

Revista da Ato – Escola de psicanálise | Belo Horizonte | Angústia | Ano I n. 0 | 2015 27
   22   23   24   25   26   27   28   29   30   31   32