Page 26 - revista_ato (1)
P. 26
angústia, nominação realQual a função do fantasma no tratamento analítico?

No segundo tempo, o pai imaginário é o agente
dessa operação que ocorre no real. Ele se torna muito
poderoso para essa criança, constituindo uma ameaça à sua
vida. Esse pai priva a criança da sua mãe, inscrevendo uma
falta no real de um objeto simbólico, o significante do falo
(ɸ), que permitirá que no futuro essa criança possa abrir
mão desse falo ao qual está apegada, para portar algo que
opere a significação do falo e que garanta a possibilidade
de utilizá-lo no futuro. Isso permite a entrada no terceiro
tempo do Édipo, que inscreverá a castração.

O processo de castração tem como consequên-
cia a extração do falo imaginário (-φ) e, por conseguinte,
dos objetos a. O agente da castração é o pai real, ele ope-
ra a extração do falo imaginário materno, lugar em que a
criança estava identificada. Essa operação deixa evidente a
castração do Outro e permite aparecer o seu desejo, que
tem como consequência a inscrição da castração para essa
criança.

Desde sua entrada no simbólico até o terceiro
tempo do Édipo, a criança é gozada pela mãe como objeto
fálico. Durante seu gozo fálico, essa mãe vai servir-se dessa
criança como objeto de seu fantasma, acobertando a sua
castração. A criança vivencia esta experiência na posição de
objeto, pois ela se oferece ao gozo do Outro, respondendo
aos seus imperativos superegoicos. É como gozo do Outro
fora do simbólico que a criança mantém este lugar que
a reduz a objeto de gozo fálico do Outro, que é marcado

26 Revista da Ato – Escola de psicanálise | Belo Horizonte | Angústia | Ano I n. 0 | 2015
   21   22   23   24   25   26   27   28   29   30   31