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angústia, nominação realQual a função do fantasma no tratamento analítico?
O processo de construção do fantasma permite
um distanciamento do eu ideal. O sujeito poderá apropriar
desse ideal para fazer dele algo novo, operando uma
mudança nos destinos de seu sintoma.
José retorna e a cada sessão vai falando e
elaborando questões relacionadas ao pai. Ele consegue
voltar a trabalhar, mas o sintoma de perda de memória
resistiu, fazendo-o desistir desses trabalhos porque se
sentia incapaz. O trabalho é o significante do pai, ponto
em que ele se faliciza. Durante esse tempo, ele continua
a falar do pai até que sua potência imaginária diminuiu a
ponto de ter dó de seu pai, extraindo dele os significantes
trabalhador e honesto. Ele foi perdendo sua potência de
pai imaginário e poderoso, deixando exposta a sua relação
com sua mãe, que ele reproduz com a esposa.
À medida que a análise foi caminhando, ele
relatou duas cenas impactantes em seu percurso. Em uma,
estava com quatro anos de idade, diante de sua mãe que
segurava em seu colo uma criança morta (sua irmã). E
nessa mesma época, ele saiu sozinho de casa atrás do seu
irmão mais velho e se perdeu. Ele foi encontrado na casa
de uma outra mulher por sua irmã.
Responder a esse lugar de filho amado pela
mãe é retornar ao colo da mãe, é se identificar com
uma criança morta, o objeto de gozo fálico de sua mãe,
protegido do encontro com a sua pai-versão. O sintoma
vem fazer a função de pai real, causando mal-estar, mas
34 Revista da Ato – Escola de psicanálise | Belo Horizonte | Angústia | Ano I n. 0 | 2015
O processo de construção do fantasma permite
um distanciamento do eu ideal. O sujeito poderá apropriar
desse ideal para fazer dele algo novo, operando uma
mudança nos destinos de seu sintoma.
José retorna e a cada sessão vai falando e
elaborando questões relacionadas ao pai. Ele consegue
voltar a trabalhar, mas o sintoma de perda de memória
resistiu, fazendo-o desistir desses trabalhos porque se
sentia incapaz. O trabalho é o significante do pai, ponto
em que ele se faliciza. Durante esse tempo, ele continua
a falar do pai até que sua potência imaginária diminuiu a
ponto de ter dó de seu pai, extraindo dele os significantes
trabalhador e honesto. Ele foi perdendo sua potência de
pai imaginário e poderoso, deixando exposta a sua relação
com sua mãe, que ele reproduz com a esposa.
À medida que a análise foi caminhando, ele
relatou duas cenas impactantes em seu percurso. Em uma,
estava com quatro anos de idade, diante de sua mãe que
segurava em seu colo uma criança morta (sua irmã). E
nessa mesma época, ele saiu sozinho de casa atrás do seu
irmão mais velho e se perdeu. Ele foi encontrado na casa
de uma outra mulher por sua irmã.
Responder a esse lugar de filho amado pela
mãe é retornar ao colo da mãe, é se identificar com
uma criança morta, o objeto de gozo fálico de sua mãe,
protegido do encontro com a sua pai-versão. O sintoma
vem fazer a função de pai real, causando mal-estar, mas
34 Revista da Ato – Escola de psicanálise | Belo Horizonte | Angústia | Ano I n. 0 | 2015