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fazer escolaNão regulamentação da psicanálise: impossível dizer d’isso?
com uma hiância que funciona como objeto causa e com
a queda das expectativas em relação à reciprocidade, ao
relacionamento, à complementaridade.
Quais seriam os efeitos de transmissão gerados
por uma análise?
Não há relação sexual porque o gozo do Outro, tomado como
corpo, é sempre inadequado – perverso de um lado, no que
o Outro se reduz ao objeto a – e do outro, eu direi louco,
enigmático. Não é do defrontamento com esse impasse, com
essa impossibilidade de onde se define um real, que é posto à
prova o amor? (LACAN, 2008, p. 155).
Pensando no tema dessa jornada “Do
inconsciente ao real” me vem a ideia de um percurso
de uma análise em que o sujeito poderá se deslocar da
mestria do saber inconsciente para pedaços de saber sobre
o real (LACAN, 2007, p.119) numa passagem da criação à
invenção. Isso é o que se pode transmitir – e não ensinar –
numa Escola de psicanálise.
Concluindo, a psicanálise não é passível de
regulamentação. O que poderá assegurar a continuidade de
uma análise e da própria psicanálise é o desejo do analista,
uma vez que não autoriza um saber para sua existência. O
trabalho dos psicanalistas no MMP e na Articulação vem
nos alertar sobre o desafio para assumir a responsabilidade
de operar sobre o real numa tentativa ética para com o
desejo. Daí, como Freud já dizia, a impossibilidade de
nosso ofício: uma práxis sem efeitos garantidos justamente
por não contar com o apoio do universal.
128 Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 123-130, 2015
com uma hiância que funciona como objeto causa e com
a queda das expectativas em relação à reciprocidade, ao
relacionamento, à complementaridade.
Quais seriam os efeitos de transmissão gerados
por uma análise?
Não há relação sexual porque o gozo do Outro, tomado como
corpo, é sempre inadequado – perverso de um lado, no que
o Outro se reduz ao objeto a – e do outro, eu direi louco,
enigmático. Não é do defrontamento com esse impasse, com
essa impossibilidade de onde se define um real, que é posto à
prova o amor? (LACAN, 2008, p. 155).
Pensando no tema dessa jornada “Do
inconsciente ao real” me vem a ideia de um percurso
de uma análise em que o sujeito poderá se deslocar da
mestria do saber inconsciente para pedaços de saber sobre
o real (LACAN, 2007, p.119) numa passagem da criação à
invenção. Isso é o que se pode transmitir – e não ensinar –
numa Escola de psicanálise.
Concluindo, a psicanálise não é passível de
regulamentação. O que poderá assegurar a continuidade de
uma análise e da própria psicanálise é o desejo do analista,
uma vez que não autoriza um saber para sua existência. O
trabalho dos psicanalistas no MMP e na Articulação vem
nos alertar sobre o desafio para assumir a responsabilidade
de operar sobre o real numa tentativa ética para com o
desejo. Daí, como Freud já dizia, a impossibilidade de
nosso ofício: uma práxis sem efeitos garantidos justamente
por não contar com o apoio do universal.
128 Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 123-130, 2015