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Maria Luiza Bassi fazer escola

Lanço para vocês hoje uma questão: Qual a lógica que sus-
tenta o movimento dos psicanalistas contra a regulamenta-
ção da psicanálise?

Lacan inicia a aula de 13 de março de 1973, do
Seminário Encore, nos alertando sobre um saber que se
diz todo. Nessa aula ele propõe uma discussão sobre o
saber simbolizado como S2 em relação ao significante puro
inscrito como S1.

A tentativa de regulamentação pretende incluir
a psicanálise na lógica de um saber universal. O ideal de
uma ciência universal sempre foi alvo de pesquisas. Freud
tentou por muitos anos explicar os fenômenos psíquicos a
partir de estudos que pudessem ser comprovados cientifi-
camente, de modo que sua produção obtivesse o reconhe-
cimento de seus pares. Posição epistemológica que não se
sustentou por muito tempo.

A lógica universal, de um saber todo, está
inserida no lado homem da tábua da sexuação apresentada
nessa mesma aula do dia 13 de março. “... é pela função
fálica – AAxFx – que o homem como todo toma inscrição,
exceto que essa função encontra seu limite na existência de
um x pelo qual a função Fx é negada, ...” (LACAN, 2008,
p.85).

O todo repousa na exceção. Existe um que não se
inscreve nesse limite – o pai mítico descrito por Freud em
Totem e Tabu –, os outros fundam o conjunto dos homens.
Conjunto fechado, fálico, que pretende e busca regras e

Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 123-130, 2015 125
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