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angústia, nominação realPerigo e trauma: a questão do objeto na angústia
de ampliar, acima dos demais, a importância do perigo da
perda do objeto” (FREUD, v. 20, 1996, p.156). Acrescente-
se a essa passagem uma outra, contida na Conferência 25
(“A angústia”), na qual o mimar excessivo é relacionado a
uma satisfação libidinal imposta à criança prematuramente.
Esta provoca excedente pulsional, com consequente
estase libidinal. Tais observações remetem diretamente às
relações entre angústia, dor e luto.
No neonato a perda de objeto, como se sabe,
provoca angústia. Mas pode também causar dor em duas
situações, quais sejam, quando o objeto falta diante de
uma necessidade imediata a ser satisfeita ou se a criança,
em sua imaturidade e desorientação, confunde uma
ausência temporária com uma perda permanente. Isso leva
Freud a concluir que a genuína reação diante da perda de
objeto é a dor, ficando a angústia limitada à expectativa ou
possibilidade de ocorrência dessa perda. Em relação à dor,
seria a angústia uma manifestação menos daninha?
Não parece ser o que Freud indica ao desenvolver
o seu intrincado raciocínio sobre a dor. Esta nasce quando
uma excitação desmedida rompe o escudo de proteção
antiestímulo. Provoca uma desordem econômica, que coloca
em ação todos os meios de defesa. O excesso de estímulo
bo verwöhnen significa não apenas mimar, mas, também, amimalhar (tra-
tar com mimo exagerado), acarinhar e estragar com mimos. Assim, “estra-
gar com mimos” uma criancinha parece ser uma opção mais adequada para
esta citação.
116 Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 111-120, 2015
de ampliar, acima dos demais, a importância do perigo da
perda do objeto” (FREUD, v. 20, 1996, p.156). Acrescente-
se a essa passagem uma outra, contida na Conferência 25
(“A angústia”), na qual o mimar excessivo é relacionado a
uma satisfação libidinal imposta à criança prematuramente.
Esta provoca excedente pulsional, com consequente
estase libidinal. Tais observações remetem diretamente às
relações entre angústia, dor e luto.
No neonato a perda de objeto, como se sabe,
provoca angústia. Mas pode também causar dor em duas
situações, quais sejam, quando o objeto falta diante de
uma necessidade imediata a ser satisfeita ou se a criança,
em sua imaturidade e desorientação, confunde uma
ausência temporária com uma perda permanente. Isso leva
Freud a concluir que a genuína reação diante da perda de
objeto é a dor, ficando a angústia limitada à expectativa ou
possibilidade de ocorrência dessa perda. Em relação à dor,
seria a angústia uma manifestação menos daninha?
Não parece ser o que Freud indica ao desenvolver
o seu intrincado raciocínio sobre a dor. Esta nasce quando
uma excitação desmedida rompe o escudo de proteção
antiestímulo. Provoca uma desordem econômica, que coloca
em ação todos os meios de defesa. O excesso de estímulo
bo verwöhnen significa não apenas mimar, mas, também, amimalhar (tra-
tar com mimo exagerado), acarinhar e estragar com mimos. Assim, “estra-
gar com mimos” uma criancinha parece ser uma opção mais adequada para
esta citação.
116 Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 111-120, 2015