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angústia, nominação realPerigo e trauma: a questão do objeto na angústia
adquire seu pleno sentido de adequação ao promover
um ritmo violento de intrusão/expulsão de ar, que ativa
os pulmões e acelera a atividade cardíaca, prevenindo o
envenenamento do sangue. Portanto, não há angústia mais
benfazeja e salvadora que a do nascimento, em que pese à
violência da invasão.
O recém-nascido repetirá o afeto de angústia
em todas as situações que possam evocar o ato do
nascimento. É inevitável a presença, no bebê, de certa
predisposição para a angústia. Esta, porém, não atinge a sua
máxima intensidade imediatamente após o nascimento,
decrescendo pouco a pouco, mas “surge mais tarde com
o progresso do desenvolvimento anímico, mantendo-se
por certo período da infância” (FREUD, v. 20, 1996, p.
129)2. Que angústia seria esta, que surge com o progresso
do desenvolvimento?
Recorrendo a três situações de angústia da
primeira infância – a solidão, a escuridão e a presença de
um estranho em lugar da mãe – Freud as reduz a uma única
condição, a ausência da pessoa amada e ansiada. Assim,
essa angústia é apresentada como uma reação diante da
ausência do objeto.
Freud, contudo, afirma ser preciso ir
além “dessa insistência na perda do objeto” (FREUD, v.
2 Esta citação, bem como as seguintes, foi retirada da edição argentina das
Obras Completas de Sigmund Freud (Amorrortu Ed.) e vertida para o
português.
112 Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 111-120, 2015
adquire seu pleno sentido de adequação ao promover
um ritmo violento de intrusão/expulsão de ar, que ativa
os pulmões e acelera a atividade cardíaca, prevenindo o
envenenamento do sangue. Portanto, não há angústia mais
benfazeja e salvadora que a do nascimento, em que pese à
violência da invasão.
O recém-nascido repetirá o afeto de angústia
em todas as situações que possam evocar o ato do
nascimento. É inevitável a presença, no bebê, de certa
predisposição para a angústia. Esta, porém, não atinge a sua
máxima intensidade imediatamente após o nascimento,
decrescendo pouco a pouco, mas “surge mais tarde com
o progresso do desenvolvimento anímico, mantendo-se
por certo período da infância” (FREUD, v. 20, 1996, p.
129)2. Que angústia seria esta, que surge com o progresso
do desenvolvimento?
Recorrendo a três situações de angústia da
primeira infância – a solidão, a escuridão e a presença de
um estranho em lugar da mãe – Freud as reduz a uma única
condição, a ausência da pessoa amada e ansiada. Assim,
essa angústia é apresentada como uma reação diante da
ausência do objeto.
Freud, contudo, afirma ser preciso ir
além “dessa insistência na perda do objeto” (FREUD, v.
2 Esta citação, bem como as seguintes, foi retirada da edição argentina das
Obras Completas de Sigmund Freud (Amorrortu Ed.) e vertida para o
português.
112 Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 111-120, 2015