Page 93 - Revista ATO Ano 4 N 4
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Alexandre Simões
O que Lacan irá desenvolver na sequência de seus ar- A economia pulsional, o gozo e sua lógica
gumentos não se refere a duas condições anatômicas ou
a somente duas possibilidades de fruição do gênero que, 93
assim sendo, excluiria um bom número de versatilidades
de gênero, tal qual um Procusto psicanalista. Bem distin-
tamente disso, haveremos de balizar a clínica por intermé-
dio de dois modos de gozo. Como confirma Lacan (1985),
estes dois modos de gozo podem transpassar diversos gê-
neros, uma vez que estes estariam subsumidos a dois po-
sicionamentos. Não se trata de excluir, mas de alinhavar
os acontecimentos de gênero, para além da face fenomê-
nica deles. A castração – conceito também princeps para
o psicanalista – é a maneira como esses modos de gozo
se operacionalizam. Se quisermos chamar isto simplifica-
damente de homem – circunscrito ao gozo do perímetro
– ou de mulher – resvalada pela assíntota –, é facultativo,
é uma “abreviatura” (LACAN, 1985, p. 87) para usarmos
uma palavra de Lacan nesta questão, ou melhor, quando
nos referirmos àquelas duas posições como a do homem e
a da mulher, estamos dando sequência ao vício enganoso
de se buscar, na protuberância ou cavidade anatômicas, a
relação de cada um com a sexualidade. Mas, se há esta in-
sistência, tudo bem: teríamos aqui o “dito homem e a dita
mulher” (LACAN, 1985, p.107), desde que isto não nos
impossibilite de considerar que “todo mundo sabe que há
mulheres fálicas, e que a função fálica não impede os ho-
mens de serem homossexuais” (LACAN,1985, p. 97). E se
há um ‘dito homem’, uma ‘dita mulher’, teríamos, igual-
Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, ano 4, n. 4, p. 87-95, 2018
O que Lacan irá desenvolver na sequência de seus ar- A economia pulsional, o gozo e sua lógica
gumentos não se refere a duas condições anatômicas ou
a somente duas possibilidades de fruição do gênero que, 93
assim sendo, excluiria um bom número de versatilidades
de gênero, tal qual um Procusto psicanalista. Bem distin-
tamente disso, haveremos de balizar a clínica por intermé-
dio de dois modos de gozo. Como confirma Lacan (1985),
estes dois modos de gozo podem transpassar diversos gê-
neros, uma vez que estes estariam subsumidos a dois po-
sicionamentos. Não se trata de excluir, mas de alinhavar
os acontecimentos de gênero, para além da face fenomê-
nica deles. A castração – conceito também princeps para
o psicanalista – é a maneira como esses modos de gozo
se operacionalizam. Se quisermos chamar isto simplifica-
damente de homem – circunscrito ao gozo do perímetro
– ou de mulher – resvalada pela assíntota –, é facultativo,
é uma “abreviatura” (LACAN, 1985, p. 87) para usarmos
uma palavra de Lacan nesta questão, ou melhor, quando
nos referirmos àquelas duas posições como a do homem e
a da mulher, estamos dando sequência ao vício enganoso
de se buscar, na protuberância ou cavidade anatômicas, a
relação de cada um com a sexualidade. Mas, se há esta in-
sistência, tudo bem: teríamos aqui o “dito homem e a dita
mulher” (LACAN, 1985, p.107), desde que isto não nos
impossibilite de considerar que “todo mundo sabe que há
mulheres fálicas, e que a função fálica não impede os ho-
mens de serem homossexuais” (LACAN,1985, p. 97). E se
há um ‘dito homem’, uma ‘dita mulher’, teríamos, igual-
Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, ano 4, n. 4, p. 87-95, 2018
