Page 98 - Revista ATO Ano 4 N 4
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A economia pulsional, o gozo e sua lógicaAdolescência: do instante de olhar ao momento de concluir
E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar,
Não tem tempo nem piedade,
Nem tem hora de chegar.
Sem pedir licença
Muda nossa vida,
E depois convida
A rir ou chorar.
(Toquinho e Vinícius de Morais)
Esses versos da música “Aquarela”, acima citados, convi-
dam-nos a rir ou a chorar, quando se trata da contingên-
cia do futuro, que podemos comparar à contingência que
a adolescência traz ao determinismo da sexualidade infan-
til. Momento de conclusão, de deslocamento pulsional, da
primazia do genital, de confluência das correntes ternas e
sexuais, mas que não sabemos onde vai dar. As questões
com as drogas, o sexo e a morte são cruciais para o sujeito
adolescente, que tem pela frente um mundo novo a explo-
rar longe de suas garantias paternas.
A psicanálise, desde Freud, tenta trabalhar essas questões,
tendo em vista as transformações ocorridas num momento
tão delicado do sujeito, momento do “despertar da
primavera”2, que o leva ao pior de sua “inconsistente leveza
do ser”3. Pretendemos enveredar-nos pelos meandros da vida
2 Título do livro de Frank Wedekind de 1891.
3 Termo usado por Sônia Alberti em seu livro “Esse sujeito adolescente”.
98 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, ano 4, n. 4, p. 97-107, 2018
E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar,
Não tem tempo nem piedade,
Nem tem hora de chegar.
Sem pedir licença
Muda nossa vida,
E depois convida
A rir ou chorar.
(Toquinho e Vinícius de Morais)
Esses versos da música “Aquarela”, acima citados, convi-
dam-nos a rir ou a chorar, quando se trata da contingên-
cia do futuro, que podemos comparar à contingência que
a adolescência traz ao determinismo da sexualidade infan-
til. Momento de conclusão, de deslocamento pulsional, da
primazia do genital, de confluência das correntes ternas e
sexuais, mas que não sabemos onde vai dar. As questões
com as drogas, o sexo e a morte são cruciais para o sujeito
adolescente, que tem pela frente um mundo novo a explo-
rar longe de suas garantias paternas.
A psicanálise, desde Freud, tenta trabalhar essas questões,
tendo em vista as transformações ocorridas num momento
tão delicado do sujeito, momento do “despertar da
primavera”2, que o leva ao pior de sua “inconsistente leveza
do ser”3. Pretendemos enveredar-nos pelos meandros da vida
2 Título do livro de Frank Wedekind de 1891.
3 Termo usado por Sônia Alberti em seu livro “Esse sujeito adolescente”.
98 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, ano 4, n. 4, p. 97-107, 2018
