Page 100 - Revista ATO Ano 4 N 4
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A economia pulsional, o gozo e sua lógicaAdolescência: do instante de olhar ao momento de concluir
O tema da puberdade, como nos dizem Vieira e Vorcaro
(2014), surge nas entrelinhas do texto freudiano, em
seus questionamentos, em seus impasses e permite-nos
evidenciar sua teorização acerca do tema. Freud trabalha
sobre a adolescência, sem, no entanto, sistematizar esse
conceito, desde os “Estudos sobre a histeria” , de 1893-
1895, quando atribui uma relação de causalidade da
neurose ao surgimento da sexualidade na puberdade, como
ele denomina. Mais tarde, Freud (1905), em “Três ensaios
sobre a teoria da sexualidade”, aborda a importância da
sexualidade infantil na determinação da sexualidade do
sujeito adulto e busca compreender os processos por
que passa a pulsão sexual ao longo de sua constituição.
Nesse texto, reserva um capítulo às transformações da
puberdade, enfatizando que estas darão uma configuração
final à vida sexual iniciada na infância. Apesar de sua visão
determinista da sexualidade, Freud mostra a contingência
desse momento da puberdade, que passa a ter, no cenário
da sexualidade, uma importância secundária em relação
à infância, porém decisiva e conclusiva. A emergência da
puberdade não deixa de apontar para algo novo, inédito. Algo
de irruptivo surge depois de um período de hibernação da
pulsão sexual, ou seja, o período de latência. Como nos diz
Sônia Alberti (1999), o sujeito, saído da infância, se depara
com o real do sexo, encontro traumático e malsucedido que
o deixa “sem palavras”.
100 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, ano 4, n. 4, p. 97-107, 2018
O tema da puberdade, como nos dizem Vieira e Vorcaro
(2014), surge nas entrelinhas do texto freudiano, em
seus questionamentos, em seus impasses e permite-nos
evidenciar sua teorização acerca do tema. Freud trabalha
sobre a adolescência, sem, no entanto, sistematizar esse
conceito, desde os “Estudos sobre a histeria” , de 1893-
1895, quando atribui uma relação de causalidade da
neurose ao surgimento da sexualidade na puberdade, como
ele denomina. Mais tarde, Freud (1905), em “Três ensaios
sobre a teoria da sexualidade”, aborda a importância da
sexualidade infantil na determinação da sexualidade do
sujeito adulto e busca compreender os processos por
que passa a pulsão sexual ao longo de sua constituição.
Nesse texto, reserva um capítulo às transformações da
puberdade, enfatizando que estas darão uma configuração
final à vida sexual iniciada na infância. Apesar de sua visão
determinista da sexualidade, Freud mostra a contingência
desse momento da puberdade, que passa a ter, no cenário
da sexualidade, uma importância secundária em relação
à infância, porém decisiva e conclusiva. A emergência da
puberdade não deixa de apontar para algo novo, inédito. Algo
de irruptivo surge depois de um período de hibernação da
pulsão sexual, ou seja, o período de latência. Como nos diz
Sônia Alberti (1999), o sujeito, saído da infância, se depara
com o real do sexo, encontro traumático e malsucedido que
o deixa “sem palavras”.
100 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, ano 4, n. 4, p. 97-107, 2018