Page 91 - Revista ATO Ano 4 N 4
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Alexandre Simões
perímetro, logo, de uma totalidade – totalidade-semblante A economia pulsional, o gozo e sua lógica
–, e, por esta mesma razão, impossível de ser abordado, a
não ser caso a caso. Sublinharei que nesta segunda direção,
curva, mais do que reta, há tanto homens quanto mulheres
aí inseridos.
Para localizar as fórmulas da sexuação, sem o costumeiro
mal-entendido de lê-las como uma sofisticada reiteração
de uma lógica dual, sexista, falocêntrica e heteronormativa,
é imprescindível que as olhemos lateralmente e passemos
antes por alguns outros momentos do ensino de Lacan.
Por exemplo, um pouco antes de “O Seminário 20: mais,
ainda”, é válido considerarmos o ‘trabalho-em-andamento’
que permitirá a Lacan formalizar as possibilidades de ins-
crição da castração nos seres falantes. Assim, considere-
mos algumas sinalizações de “O Seminário 19: ...ou pior”,
desenvolvido entre 1971 e 1972, que servem de andaimes
para as construções subsequentes de “O Seminário 20:
mais, ainda”. Ali, Lacan irá propor que “o sexo não define
relação alguma no ser falante” (LACAN, 2012, p. 13). Al-
mejando ainda uma maior clareza quanto à completa insu-
ficiência da base anatômica poder nos elucidar cabalmente
algo acerca do que vem a ser a nossa relação com a sexuali-
dade, ele acrescenta:
Não é que eu negue a diferença que existe, desde a mais 91
tenra idade, entre o que chamamos de uma menina e um
menino. É inclusive daí que parto. Captem desde já, que
quando parto daí vocês não sabem do que estou falando
(LACAN, 2012, p. 13).
Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, ano 4, n. 4, p. 87-95, 2018
perímetro, logo, de uma totalidade – totalidade-semblante A economia pulsional, o gozo e sua lógica
–, e, por esta mesma razão, impossível de ser abordado, a
não ser caso a caso. Sublinharei que nesta segunda direção,
curva, mais do que reta, há tanto homens quanto mulheres
aí inseridos.
Para localizar as fórmulas da sexuação, sem o costumeiro
mal-entendido de lê-las como uma sofisticada reiteração
de uma lógica dual, sexista, falocêntrica e heteronormativa,
é imprescindível que as olhemos lateralmente e passemos
antes por alguns outros momentos do ensino de Lacan.
Por exemplo, um pouco antes de “O Seminário 20: mais,
ainda”, é válido considerarmos o ‘trabalho-em-andamento’
que permitirá a Lacan formalizar as possibilidades de ins-
crição da castração nos seres falantes. Assim, considere-
mos algumas sinalizações de “O Seminário 19: ...ou pior”,
desenvolvido entre 1971 e 1972, que servem de andaimes
para as construções subsequentes de “O Seminário 20:
mais, ainda”. Ali, Lacan irá propor que “o sexo não define
relação alguma no ser falante” (LACAN, 2012, p. 13). Al-
mejando ainda uma maior clareza quanto à completa insu-
ficiência da base anatômica poder nos elucidar cabalmente
algo acerca do que vem a ser a nossa relação com a sexuali-
dade, ele acrescenta:
Não é que eu negue a diferença que existe, desde a mais 91
tenra idade, entre o que chamamos de uma menina e um
menino. É inclusive daí que parto. Captem desde já, que
quando parto daí vocês não sabem do que estou falando
(LACAN, 2012, p. 13).
Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, ano 4, n. 4, p. 87-95, 2018