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Função de nominaçãoNó e letra

operação de escrita, própria do dispositivo do discurso do
analista, permite emergir na estrutura um lugar onde o
gozo se articula em falta: o objeto a.

O trabalho do inconsciente enoda inibição,
sintoma e angústia implicados no dizer do analisante.
Não surgem enodados no discurso a não ser dois a dois
apontando o que escapa na inacessibilidade do dois. A
expectativa angustiosa do sintoma, a inibição sintomática,
o sintoma inibitório são signos de que há um real em jogo.

Freud demonstra essa impossibilidade na
decadência necessária do Complexo de Édipo, quando
dois não faz um e sim zero, para que três seja possível. Na
disjunção entre identificação e sexuação, a ex-sistência faz
corte à inexistência e faz do zero um que falta.

“Que o Um, único, se faça condutor, leader,
só mostra a impossibilidade de fazer dois, isto é, de
estabelecer na linguagem a relação sexual. Freud assinalara
que uma massa funciona com a exclusão de tudo aquilo que
presentifica a diferença, em particular, a mulher” (VIDAL,
2009).

A escrita borromeana permite fazer letra do
gozo. É o que se lê de saída no instante de ver o nó: temos
um nó de letras. Desse modo, Lacan nos introduz na
escrita freudiana da diferença dos registros e da exceção,
essencial para a consistência do nó.

Freud em Inibição, sintoma e angústia diz que se
deve delimitar a fronteira (abzugrenzen) entre os registros

112 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Inibição, sintoma, angústia, Ano II n. 1, pp. 111-119, 2016
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