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Função de nominaçãoNó e letra

Num sonho o analisante se vê de mãos algemadas
com a chave na mão. Chave do sonho, ponto nodal à espera
de amarração.

Da experiência psicanalítica se apreende que
o gozo frente à consistência imaginária do corpo só pode
ex-sistir. A ex-sistência surge pelo enodamento do sentido
na direção do real, já que o real é o que falta ao sentido e
o sujeito o que falta no real. Ele precisa inscrever-se. Não
é sem o sentido e o corpo que se trata do gozo mas numa
topologia onde ao menos uma letra do real escreve-se fora
do sentido, essa escrita do real pode fazer o gozo fálico
cessar. O que é simbolizado nessa escrita ex-siste no real,
fora sentido, pois, o gozo na análise está ligado à produção
da ex-sistência, tem função nodal.

Esse movimento é topológico, indica a
possibilidade da escrita do nó e abre ao sujeito o tempo
de compreender a necessidade de um corte no imaginário
do Édipo. Um corte que enoda pela experiência da
impossibilidade vivida no Édipo com a primazia do falo.
Mostra que o falo imaginário funciona em toda parte
menos onde é esperado: na fase fálica. Freud enoda dois
a dois para demonstrar essa impossibilidade. Corte que
enlaça, inaugurando a lógica de uma exclusão que faz furo.
Em torno do furo falamos e o nó se escreve no trabalho
de escuta de um dizer. A consistência do nó é a do furo e
inscreve a essência do laço analítico: a não relação.

116 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Inibição, sintoma, angústia, Ano II n. 1, pp. 111-119, 2016
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