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Sergio Becker Função de nominação
Assim, o nó vai se escrevendo na singularidade
do discurso do analista, revirando o toro do neurótico,
mostrando essa pura diferença entre demanda e desejo. O
corte na superfície do toro abre um ponto de passagem
para o enodamento.
Lemos no texto Inibição, sintoma e angústia
a formulação freudiana em que se estrutura a escuta do
analista: o trabalho de escuta da representação pré-
consciente inibida, permite traçar com a formação do
inconsciente uma escrita do sintoma. Na medida em que o
nó amarra inibição e sintoma, escreve o vazio e, no mesmo
ato, ata a angústia, pois, essa escrita faz borda ao gozo
do Outro. A representação existe porque algo fez furo no
Outro. Mostra que ao menos um falta, um que não se lê,
pois escreve o vazio. Mas é letra.
Inconsciente e sintoma não se equivalem.
O sintoma não é o inconsciente recalcado, é um
aprisionamento de gozo, esclarece Vidal. No que o corpo
ganha consistência o inconsciente emerge no trabalho em
torsão ao sintoma. O inconsciente se traça para além do
corpo e do sentido, é um significante inédito de lalangue.
De que temos medo? pergunta Lacan. De nosso
corpo, responde. É o essencial na angústia. A angústia é
um signo de algo no real, por isso sua sede é o eu. O eu
é, antes de tudo, corporal, destino da pulsão, e por isso
o nó é mental, é real. Sem a borda da angústia, o corpo é
Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Inibição, sintoma, angústia, Ano II n. 1, pp. 111-119, 2016 117
Assim, o nó vai se escrevendo na singularidade
do discurso do analista, revirando o toro do neurótico,
mostrando essa pura diferença entre demanda e desejo. O
corte na superfície do toro abre um ponto de passagem
para o enodamento.
Lemos no texto Inibição, sintoma e angústia
a formulação freudiana em que se estrutura a escuta do
analista: o trabalho de escuta da representação pré-
consciente inibida, permite traçar com a formação do
inconsciente uma escrita do sintoma. Na medida em que o
nó amarra inibição e sintoma, escreve o vazio e, no mesmo
ato, ata a angústia, pois, essa escrita faz borda ao gozo
do Outro. A representação existe porque algo fez furo no
Outro. Mostra que ao menos um falta, um que não se lê,
pois escreve o vazio. Mas é letra.
Inconsciente e sintoma não se equivalem.
O sintoma não é o inconsciente recalcado, é um
aprisionamento de gozo, esclarece Vidal. No que o corpo
ganha consistência o inconsciente emerge no trabalho em
torsão ao sintoma. O inconsciente se traça para além do
corpo e do sentido, é um significante inédito de lalangue.
De que temos medo? pergunta Lacan. De nosso
corpo, responde. É o essencial na angústia. A angústia é
um signo de algo no real, por isso sua sede é o eu. O eu
é, antes de tudo, corporal, destino da pulsão, e por isso
o nó é mental, é real. Sem a borda da angústia, o corpo é
Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Inibição, sintoma, angústia, Ano II n. 1, pp. 111-119, 2016 117