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Maria Luiza Bassi

se é possível conseguir uma cura permanente ou mesmo
impedir uma doença futura através do tratamento profilático
(FREUD, 1937, p. 267).

Parece-nos que nesse texto há uma referência Função de nominação
a um processo de destituição subjetiva, no que ele diz
“remodelamento do ego”, que perpetua após o término de 105
uma análise qualificando “o indivíduo analisado para ser,
ele próprio, analista” (FREUD, 1937, p 283).

Freud conclui o artigo dizendo que o que se trata
em uma análise é a posição do sujeito frente à castração.
Aponta o repúdio à feminilidade como uma notável
característica da vida psíquica dos seres humanos, como o
grande enigma do sexo. Por meio de um processo analítico,
o sujeito teria “todo o incentivo possível para reexaminar e
alterar sua atitude para com ele”. (FREUD, 1937, p. 287)

Esse texto de Freud nos aponta para um real em
jogo na psicanálise que se apresenta na forma de impasses
clínicos que nos demandam um novo manejo e uma
reinvenção a cada pedacinho de real que surge na clínica.

Lacan, em RSI, nos oferece um trabalho
eminentemente clínico fazendo referência a um trilhamento
que concerne à sua prática e que diz de uma questão: “o
que implica que a psicanálise opere?” (LACAN, 1974/75,
p. 14). É nesse ponto que nos apresenta o nó borromeano
como uma possiblidade lógica de operação clínica.

Logo no início desse seminário, ele dá o tom da
conversa para aquele ano de seu ensino: iria tratar do real.

Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Inibição, sintoma, angústia, Ano II n. 1, pp. 103-109, 2016
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