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Função de nominaçãoPor um triz

acerto de contas que, no último capítulo, aponta para uma
direção que viria orientar o futuro do trabalho analítico.

Trata-se de um texto, de certa forma pessimista
quanto à eficácia terapêutica da psicanálise. Nele são
tratados os passes e impasses do processo analítico no que
tange às dificuldades do procedimento e dos obstáculos
encontrados em seu percurso. Aponta três fatores que
seriam decisivos para o sucesso ou não do tratamento – a
influência dos traumas, a força constitucional das pulsões
e as alterações do ego. Dentre esses, o fator impeditivo
mais poderoso seria a força pulsional ou pulsão de morte,
uma vez que estaria além de qualquer possibilidade de
controle. Freud lança a questão: “É possível, mediante a
terapia analítica, livrar-se de um conflito entre a pulsão e o
ego de modo permanente e definitivo?” (FREUD, 1937, p.
256). No entanto, é sobre a questão das possibilidades de
alteração do ego em uma análise que Freud avança nesse
texto. Em escritos anteriores, as alterações do ego deveriam
ser ocasionadas pelo analista mediante uma tentativa de
tornar o inconsciente consciente ou de comunicar ao
analisando suas resistências. No texto de 1937, Freud faz
referência à anulação das alterações do ego já presentes
como resultados do processo defensivo e se questiona de
forma cética sobre o poder profilático da psicanálise.

Partimos da questão de saber como podemos abreviar a
duração inconvenientemente longa do tratamento analítico
e, ainda com essa questão em mente, passamos a considerar

104 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Inibição, sintoma, angústia, Ano II n. 1, pp. 103-109, 2016
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