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angústia, nominação realA angústia e sua relação com o desejo do Outro

Neste mesmo Seminário afirma ainda que, em
tudo o que é demarcação imaginária, o falo aparece a menos,
como uma lacuna, sob a forma de uma falta. Apesar de o
falo fundar a possibilidade do imaginário e ser uma reserva
operatória, ele não é representado no nível imaginário. Ele
é cortado da imagem especular.

O conceito de falo não é unívoco na obra lacania-
na. Lacan, no início de sua teorização, aborda o falo como
significante do desejo, e depois como significante do gozo,
em suas vertentes simbólica, imaginária e em sua ancora-
gem real.

Essa mudança de direção na teoria, com
relação ao falo, não se contrapõe de forma alguma ao uso
que podemos fazer da função fálica para compreender a
neurose.

A dialética do sujeito em relação ao problema de
ser ou não ser o falo do Outro, o conduz a um ponto onde
ele não pode mais apreender-se, o que suscita no sujeito a
questão: “o que sou eu”? (GAZZOLA, 2002, p.30).

Ele não sabe que lugar ocupa no desejo do Outro
e nem o que o Outro quer dele.

Num movimento pulsional essa interrogação so-
bre o desejo do Outro vem perturbar o sujeito, retornando
sobre ele, deixando-o com um desejo sempre insatisfeito,
pois, na verdade, o Outro também não tem esta resposta.
Ela lhe escapa.

70 Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 69-77, 2015
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