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A angústia e sua relação com o desejo do Outro

O sujeito não sabe o que o torna desejante, mas
ao fazer as voltas da demanda, ele faz a volta do desejo, no
vazio do toro, sem saber. O que une as voltas da demanda é
justamente o furo central, onde se localiza o objeto a. Logo,
por sua repetição, a demanda cria uma superfície que separa
um interior, onde se encontra o desejo, e um exterior, o furo
central. Mas é através do toro do Outro, no abraço tórico, que
o sujeito se depara com o seu fantasma e com o seu desejo.

É sobre a nodulação de dois toros que Lacan apoia
a dialética neurótica do sujeito ao Outro. Nesta nodulação,
o desejo de um corresponde à demanda do outro, e o furo
central somente serve à amarração dos dois toros.

Voltas da demanda do Outro
angústia, nominação real
Toro do Sujeito Toro do Outro

Voltas da demanda do Sujeito

Abraço Tórico

Se por um lado o desejo está mais além da
demanda – pois os significantes da demanda traem seu
verdadeiro alcance –, por outro, o desejo está aquém, pois a
demanda vem lembrar a falta a ser do sujeito.

74 Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 69-77, 2015
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