Page 193 - revista_ato (1)
P. 193
Márcia Regina de Mesquita, Marcilena Assis Toledo e Paula Melgaço efeitos da transmissão

diálogo possível da psicanálise com a educação e adotou
como metodologia de realização da pesquisa a Conversação
com os adolescentes e professores. Tomamos como
orientação um saber-não saber tão caro à psicanálise e de
difícil sustentação numa sociedade contemporânea regida
pelo discurso científico que rechaça o não saber.

A operacionalidade do laboratório5 se dá no
início de 2013 nas instituições escolares que trabalham com
adolescentes. Atualmente, ele conta com a participação de
três profissionais na área da psicologia e da psicanálise.
De lá pra cá, o trabalho do laboratório tem desafiado as
profissionais para a experiência junto às escolas, o que pode
enriquecer nossa prática clínica colocando-nos diante de
um saber aí fazer com o desejo do analista6.

Nas conversações realizadas, seja com os
professores, seja com os adolescentes (muitos deles em
conflito com a lei), que, por um motivo ou outro, não
seguem a norma do social ou das instituições, foi possível

5 Laboratório “Rekalque aqui, bate e volta” está inscrito no CIEN (Centro 193
Interdisciplinar de Estudos Sobre a Criança) desde o início de 2013. Os
laboratórios do CIEN são formados por equipes interdisciplinares que
se dispõem a trabalhar com a conversação e assumem o desafio de tentar
operar sobre os efeitos segregativos da cultura contemporânea que incidem
sobre a criança e o adolescente (Miranda, Vasconcelos, Santiago, 2006).

6 Desejo do analista, conceito lacaniano considerado pelo autor como o
fio condutor para a direção do tratamento. Ao se perguntar o que quer
um analista, Lacan não se refere ao ego deste, mas aponta para a função
exercida por aquele que sustenta o lugar de suposto saber em um
processo analítico (LACAN, 1998, p. 621).

Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 191-200, 2015
   188   189   190   191   192   193   194   195   196   197   198