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efeitos da transmissãoA turma do boi
tou a manutenção de uma transferência com a instituição
e seus operadores, durante anos, foi o uso contínuo, até
o momento atual, de substâncias produzidas pela ciência,
ou seja, o uso de medicamentos. Porém, e isso faz toda a
diferença, o uso mediado por uma prescrição, ou melhor,
pelo desejo do psicanalista que permite levar em conta o
corpo do sujeito e um determinado modo de gozo do qual
não consegue se abster. Nesse momento não existe a bus-
ca por um sentido do sintoma. A tentativa é, então, de um
tratamento de substituição. O sujeito demanda uma solu-
ção, mas nada quer saber a que esse gozo satisfaz. Nesse
momento ele acredita que seu problema é o consumo de
opiáceos e de outras substâncias associadas.
Entretanto, com a continuidade do tratamento,
vão se decantando aspectos singulares da transferência de
cada um dos membros da turma, em relação ao operador,
para além da busca pela medicação. A partir desse
momento, vai se construindo uma localização para a função
da droga na economia libidinal, singular a cada um, bem
como se identificam pontos comuns de cada um desses
sujeitos, na relação com “uma externalidade social”, “uma
externalidade corporal” e “uma externalidade subjetiva”,
como cita Jacques-Alain Miller em “Efeito do Retorno à
Psicose Ordinária”. Esses pontos comuns se presentificam
primeiramente na relação com o trabalho, com uma função
profissional. Percebe-se uma dificuldade intensa ou
uma impossibilidade do sujeito de ter ou sustentar uma
182 Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 179-189, 2015
tou a manutenção de uma transferência com a instituição
e seus operadores, durante anos, foi o uso contínuo, até
o momento atual, de substâncias produzidas pela ciência,
ou seja, o uso de medicamentos. Porém, e isso faz toda a
diferença, o uso mediado por uma prescrição, ou melhor,
pelo desejo do psicanalista que permite levar em conta o
corpo do sujeito e um determinado modo de gozo do qual
não consegue se abster. Nesse momento não existe a bus-
ca por um sentido do sintoma. A tentativa é, então, de um
tratamento de substituição. O sujeito demanda uma solu-
ção, mas nada quer saber a que esse gozo satisfaz. Nesse
momento ele acredita que seu problema é o consumo de
opiáceos e de outras substâncias associadas.
Entretanto, com a continuidade do tratamento,
vão se decantando aspectos singulares da transferência de
cada um dos membros da turma, em relação ao operador,
para além da busca pela medicação. A partir desse
momento, vai se construindo uma localização para a função
da droga na economia libidinal, singular a cada um, bem
como se identificam pontos comuns de cada um desses
sujeitos, na relação com “uma externalidade social”, “uma
externalidade corporal” e “uma externalidade subjetiva”,
como cita Jacques-Alain Miller em “Efeito do Retorno à
Psicose Ordinária”. Esses pontos comuns se presentificam
primeiramente na relação com o trabalho, com uma função
profissional. Percebe-se uma dificuldade intensa ou
uma impossibilidade do sujeito de ter ou sustentar uma
182 Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 179-189, 2015