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Ivan Vìtová Junqueira
de aditiva, onde pelo consumo desenfreado de objetos
produzidos pela tecnologia ou qualquer outro objeto, os
sujeitos tentam não lidar com a falta estrutural ou o vazio.
Freud, no começo de século passado, em seu
texto “O Mal-Estar na Civilização”, já nomeava a busca
desse modo de gozo como “intoxicação”,
como um dos métodos mais interessantes e mais grosseiros de efeitos da transmissão
evitar o sofrimento, através da influência, sobre nosso próprio
organismo, da ingestão de substâncias químicas estranhas
que provocam sensações prazerosas e impedem a recepção
de estímulos desagradáveis. (...). O serviço prestado pelos
veículos intoxicantes na luta pela felicidade e no afastamento
da desgraça é tão altamente apreciado como um benefício,
que tanto indivíduos quanto povos tentam lhes conceder
um lugar permanente na economia pulsional.... Com o
auxílio desse “amortecedor de preocupações” é possível,
em qualquer ocasião, afastar-se da pressão da realidade e
encontrar refúgio num mundo próprio (FREUD, v.XXI, 1992,
p.96-97). Ou seja, afastar-se de um menos de gozo, da falta,
da insatisfação.
Porém, segundo Fabian Naparstek, em seu arti- 181
go “ADICÇÃO”, podemos ainda com Freud “dar um passo
adiante” em resposta a “uma discussão central e antiquís-
sima sobre as adicções. Estas se devem a uma substância
ou ao sujeito em questão?” (NAPARSTEK, 2011, p.10).
Antes de responder, vamos voltar à turma do
boi na sua interseção com a Instituição para tratamento e
com um analista. Na entrada, o que sustentava esse gru-
po, como já indicado por Freud, era um reforço identifi-
cador: usuários de opiáceo. E o que sustentou e possibili-
Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 179-189, 2015
de aditiva, onde pelo consumo desenfreado de objetos
produzidos pela tecnologia ou qualquer outro objeto, os
sujeitos tentam não lidar com a falta estrutural ou o vazio.
Freud, no começo de século passado, em seu
texto “O Mal-Estar na Civilização”, já nomeava a busca
desse modo de gozo como “intoxicação”,
como um dos métodos mais interessantes e mais grosseiros de efeitos da transmissão
evitar o sofrimento, através da influência, sobre nosso próprio
organismo, da ingestão de substâncias químicas estranhas
que provocam sensações prazerosas e impedem a recepção
de estímulos desagradáveis. (...). O serviço prestado pelos
veículos intoxicantes na luta pela felicidade e no afastamento
da desgraça é tão altamente apreciado como um benefício,
que tanto indivíduos quanto povos tentam lhes conceder
um lugar permanente na economia pulsional.... Com o
auxílio desse “amortecedor de preocupações” é possível,
em qualquer ocasião, afastar-se da pressão da realidade e
encontrar refúgio num mundo próprio (FREUD, v.XXI, 1992,
p.96-97). Ou seja, afastar-se de um menos de gozo, da falta,
da insatisfação.
Porém, segundo Fabian Naparstek, em seu arti- 181
go “ADICÇÃO”, podemos ainda com Freud “dar um passo
adiante” em resposta a “uma discussão central e antiquís-
sima sobre as adicções. Estas se devem a uma substância
ou ao sujeito em questão?” (NAPARSTEK, 2011, p.10).
Antes de responder, vamos voltar à turma do
boi na sua interseção com a Instituição para tratamento e
com um analista. Na entrada, o que sustentava esse gru-
po, como já indicado por Freud, era um reforço identifi-
cador: usuários de opiáceo. E o que sustentou e possibili-
Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 179-189, 2015