Page 81 - Revista ATO Ano 4 N 4
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Marília Pires BotelhoA economia pulsional, o gozo e sua lógica
Diferentemente da concepção freudiana, para Lacan a pul-
são é a-sexual, pois não existe relação entre o real e o sig-
nificante. A única relação possível é a de corte. Ele define a
pulsão como corte.
O sujeito é não-todo significante, portanto podemos pensá
-lo como um aparelho lacunar. É nessa lacuna, nesse vazio
que o sujeito instaura a função do objeto – o objeto a – que
só o conhecemos, na perspectiva freudiana, enquanto ob-
jeto perdido. O objeto a se produz como resto da operação
de representação do sujeito. Para a pulsão, não importa que
objeto, aí, irá se instalar, pois o objeto da pulsão é consti-
tuído pela contingência corporal. É da ordem da subjetivi-
dade, não pertencendo, então, ao campo do corpo próprio,
mesmo que apoiado em um órgão real. O sujeito neurótico
define seu objeto pela demanda do Outro. Por aquilo que o
sujeito pensa que o Outro demanda de si.
Résumé: L’auteure commence ce texte en soule- 81
vant des questions résultants de la clinique de la bou-
limie et de l’anorexie, questions qui la conduisent
à certains articles de Freud, de Lacan et d’autres
auteurs. Dans ses lectures elle se trouve confron-
ter à l’affirmation que l’anorexie est une manière
de faire valoir le pouvoir de l’image, sur le pouvoir
du signifiant. Elle soulève les questions suivantes:
quel est le pouvoir de l’image et quel est le pouvoir
du signifiant ? Et que dire du réel? Pour Lacan, le
Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, ano 4, n. 4, p. 73-83, 2018
Diferentemente da concepção freudiana, para Lacan a pul-
são é a-sexual, pois não existe relação entre o real e o sig-
nificante. A única relação possível é a de corte. Ele define a
pulsão como corte.
O sujeito é não-todo significante, portanto podemos pensá
-lo como um aparelho lacunar. É nessa lacuna, nesse vazio
que o sujeito instaura a função do objeto – o objeto a – que
só o conhecemos, na perspectiva freudiana, enquanto ob-
jeto perdido. O objeto a se produz como resto da operação
de representação do sujeito. Para a pulsão, não importa que
objeto, aí, irá se instalar, pois o objeto da pulsão é consti-
tuído pela contingência corporal. É da ordem da subjetivi-
dade, não pertencendo, então, ao campo do corpo próprio,
mesmo que apoiado em um órgão real. O sujeito neurótico
define seu objeto pela demanda do Outro. Por aquilo que o
sujeito pensa que o Outro demanda de si.
Résumé: L’auteure commence ce texte en soule- 81
vant des questions résultants de la clinique de la bou-
limie et de l’anorexie, questions qui la conduisent
à certains articles de Freud, de Lacan et d’autres
auteurs. Dans ses lectures elle se trouve confron-
ter à l’affirmation que l’anorexie est une manière
de faire valoir le pouvoir de l’image, sur le pouvoir
du signifiant. Elle soulève les questions suivantes:
quel est le pouvoir de l’image et quel est le pouvoir
du signifiant ? Et que dire du réel? Pour Lacan, le
Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, ano 4, n. 4, p. 73-83, 2018
