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Eduardo Lucas Andrade
Para que uma análise aconteça, não é necessário ser Transferência na clínica em cidade pequena
desconhecido ao paciente. O analista não é de todo
desconhecido. Rondam fantasmas desde o a priori da aposta
clínica. A psicanálise aponta que atos podem revelar pontos
para causas de desejo. O ato analítico é causa de desejo.
No jogo, na clínica do suposto conhecer, o paciente pode
colocar o analista em vários lugares na artificialidade de sua
neurose: “Conforme você conhece”, “Você deve saber”,
“Ele que você sabe quem é”.
Aqui, em compromisso clínico, o analista pode deixar, no
momento da acolhida e outros insuportáveis, que o pacien-
te diga proximidades com ele, por exemplo: “Você sabe,
você conhece, e tal”. Por outro lado, a técnica ativa pode
fazer com que o analista convoque o valor do relato, colo-
cando em cena que “posso conhecer algo e ter escutado
dessa história, mas muito me interessa a forma como você
me conta e diz dela”.
Uma coisa é nítida: nem sempre o analista estará no silên-
cio. Temos que, inclusive, dizer mais de que o psicanalis-
ta, não sem seu corpo, está presente como língua, escuta e
“mais, ainda”.
Por fim, como formações do humano, as demandas não mu-
dam. Elas chegam como queixa: o olhar do outro, a castra-
ção, a culpa, a família, o amor, o dinheiro, a impotência, o
poder, o sexo e a sexualidade são temas clínicos.
Apesar de leves singularidades, essa clínica não é de Marte 123
e nela não se atende unicórnios. É do ser falante. E ali se
Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Topologia e desejo do analista, ano 3, n. 3, p. 117-126, 2017
Para que uma análise aconteça, não é necessário ser Transferência na clínica em cidade pequena
desconhecido ao paciente. O analista não é de todo
desconhecido. Rondam fantasmas desde o a priori da aposta
clínica. A psicanálise aponta que atos podem revelar pontos
para causas de desejo. O ato analítico é causa de desejo.
No jogo, na clínica do suposto conhecer, o paciente pode
colocar o analista em vários lugares na artificialidade de sua
neurose: “Conforme você conhece”, “Você deve saber”,
“Ele que você sabe quem é”.
Aqui, em compromisso clínico, o analista pode deixar, no
momento da acolhida e outros insuportáveis, que o pacien-
te diga proximidades com ele, por exemplo: “Você sabe,
você conhece, e tal”. Por outro lado, a técnica ativa pode
fazer com que o analista convoque o valor do relato, colo-
cando em cena que “posso conhecer algo e ter escutado
dessa história, mas muito me interessa a forma como você
me conta e diz dela”.
Uma coisa é nítida: nem sempre o analista estará no silên-
cio. Temos que, inclusive, dizer mais de que o psicanalis-
ta, não sem seu corpo, está presente como língua, escuta e
“mais, ainda”.
Por fim, como formações do humano, as demandas não mu-
dam. Elas chegam como queixa: o olhar do outro, a castra-
ção, a culpa, a família, o amor, o dinheiro, a impotência, o
poder, o sexo e a sexualidade são temas clínicos.
Apesar de leves singularidades, essa clínica não é de Marte 123
e nela não se atende unicórnios. É do ser falante. E ali se
Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Topologia e desejo do analista, ano 3, n. 3, p. 117-126, 2017