Page 108 - revista_ato_topologia_e_desejo_do_analista_ano3_n3
P. 108
Um lugar êxtimo: possibilidade de uma análiseReal da experiência
to, se mostra impossível e, se não há reciprocidade, o que
se colhe é o próprio vazio.
É a partir de uma possiblidade do neurótico de estar en-
laçado ao Outro que o analista, na transferência, oferece
um saber suposto, se oferece en corps3, instala o objeto a
no lugar de semblante, acolhe a demanda a partir de um
desejo que visa a pura diferença e abre para a possibilidade
do discurso do analista como operador lógico. O desejo do
analista mantém em tensão o lugar do objeto a em torno do
qual os gozos se escrevem em falta.
Para esse sujeito, a sensação de sujeira pode ser traduzida
do campo das representações para o campo das palavras.
O percurso de análise possibilitou a escrita do gozo fálico
fora corpo, enodando real e simbólico, abolindo o sentido
e sustentando o lugar de causa de desejo – me sinto suja...
sujeita... sujeito.
Resumen: Experiencias vividas son marcadas en
el cuerpo que, a partir del lenguaje, se vuelve un
cuerpo de discurso. Muchas de esas marcas per-
manecem retenidas, sin traducción. El análisis
promueve una revisión de antiguas represiones,
algunas son demolidas, otras reconocidas y tradu-
cidas desde el campo de las representaciones al
campo de las palabras. Para el sujeto en cuestión,
3 En corps: expressão usada por Lacan no Seminário 19, p. 222, homófono
a encore, ou ainda ou de novo que remete à repetição.
106 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Topologia e desejo do analista, ano 3, n. 3, p. 101-108, 2017
to, se mostra impossível e, se não há reciprocidade, o que
se colhe é o próprio vazio.
É a partir de uma possiblidade do neurótico de estar en-
laçado ao Outro que o analista, na transferência, oferece
um saber suposto, se oferece en corps3, instala o objeto a
no lugar de semblante, acolhe a demanda a partir de um
desejo que visa a pura diferença e abre para a possibilidade
do discurso do analista como operador lógico. O desejo do
analista mantém em tensão o lugar do objeto a em torno do
qual os gozos se escrevem em falta.
Para esse sujeito, a sensação de sujeira pode ser traduzida
do campo das representações para o campo das palavras.
O percurso de análise possibilitou a escrita do gozo fálico
fora corpo, enodando real e simbólico, abolindo o sentido
e sustentando o lugar de causa de desejo – me sinto suja...
sujeita... sujeito.
Resumen: Experiencias vividas son marcadas en
el cuerpo que, a partir del lenguaje, se vuelve un
cuerpo de discurso. Muchas de esas marcas per-
manecem retenidas, sin traducción. El análisis
promueve una revisión de antiguas represiones,
algunas son demolidas, otras reconocidas y tradu-
cidas desde el campo de las representaciones al
campo de las palabras. Para el sujeto en cuestión,
3 En corps: expressão usada por Lacan no Seminário 19, p. 222, homófono
a encore, ou ainda ou de novo que remete à repetição.
106 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Topologia e desejo do analista, ano 3, n. 3, p. 101-108, 2017