Page 98 - Revista Ato_Ano_2_n_1
P. 98
Função de nominaçãoNominação e o Nome-do-Pai

A partir dessas formulações Lacan consegue
tratar a figura do pai nas três categorias de imaginário,
simbólico e real, e reinventa Freud com a topologia nodal.
É um pai no nó, ‘nó-meador’, um operador na clínica, que
faz amarração em torno do nada e traz esse nada como fal-
ta. Introduzir os nomes do pai no nó traz consequências
tanto para a clínica quanto para as instituições psicanalí-
ticas porque introduz o não-todo, onde o real cobra seu
lugar na estrutura.

Podemos pensar que é nesse ponto, a partir do
pai no nó, ‘nó-meador’ como um operador na clínica que
podemos fazer uma articulação com o dispositivo do passe
e a nominação.

O passe, ao propor extrair um dito do sujeito,
fora da transferência, um dito que não se endereça a mais
ninguém, um ‘des-ser’ que atinge o analista como tal,
obriga uma retomada do real como parte do inconsciente
que não se pode ler e a encontrar uma escritura que possa
escrevê-lo. Tentar escrever o real do buraco, esse ponto de
falta de saber é uma possibilidade de fazer uma amarração
do real na clínica. Tarefa difícil, pois sabemos que o real
provoca “o seu próprio desconhecimento”, mas há um
ponto de real que deve ser transmitido, que é o inassimilável
da própria experiência.

Desde 1974, na carta aos italianos, Lacan fala de
uma possível amarração do real na clínica. Ele diz que a
Escola não terá existência a não ser pelo passe, escrevendo

98 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Inibição, sintoma, angústia, Ano II n. 1, pp. 95-102, 2016
   93   94   95   96   97   98   99   100   101   102   103