Page 97 - Revista Ato_Ano_2_n_1
P. 97
Rosangela Gazzi Macedo Função de nominação

se com ela o simbólico, a partir de sua inscrição. Faz-se,
com isso, um buraco na relação entre a mãe e o filho,
quando orienta o sentido do desejo dessa mãe para outro
lugar que não somente para a criança. A metáfora paterna
funciona bem, quando ainda o pai faz de sua mulher a causa
de seu desejo, dividindo-a em mãe e mulher. A castração,
por conseguinte, seria colocada no lugar dessa divisão para
o filho.

No entanto, a metáfora paterna não é suficiente
para barrar o gozo. Há algo no pai que é metonímia. En-
tão, por ser metonímico, não teremos mais o pai universal,
o pai edípico, mas sim os Nomes-do-Pai, particularizando
em cada sujeito os traços que o inscrevem numa lei. Assim,
o pai não é só interdição: o pai goza e, por isso, ele falha,
e ai residem a chance de uma transmissão, a transmissão
da castração, possibilitando que, mais além do Édipo, o
pai real surja como um operador estrutural que interdita o
gozo, sinal do impossível.

Podemos ver que do mito à estrutura, Lacan re-
conhece no mito um ramo da linguística, dizendo-nos que
a castração é a operação real introduzida pela incidência do
significante. Ela determina o pai como esse real impossível,
um lugar vazio, marcado por uma morte no início, caracte-
rizado pela verdade da castração. O que é nomeado no pai
é sua capacidade de transmitir um poder nomeador que se
transmite de pai para filho sem pertencer a ninguém.

Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Inibição, sintoma, angústia, Ano II n. 1, pp. 95-102, 2016 97
   92   93   94   95   96   97   98   99   100   101   102