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Função de nominaçãoTraço que desenha a experiência picanalítica
O Seminário RSI é fundamental para a clínica
psicanalítica e já na sua primeira lição Lacan chama atenção
para as rodelas de barbante dizendo que os três termos
do nó, real, simbólico e imaginário, são veiculadores de
sentido. O nó é veiculador de sentido, mas de modo algum,
serve de base para uma mensagem. A escrita do nó faz
barra ao significado, estando o sentido relativizado. A ideia
é dar provas da existência da cadeia borromeana como
fundamento do pensamento e, sobretudo, do sentido, mas
na sua relação com o inconsciente e o sintoma e não com
a palavra. O que está em jogo vai além do sentido, vai além
da metáfora e metonímia, vai além do Édipo.
Lacan com isso quer dar um passo a mais e
sabe que ganhará algo, mas, à custa de outra coisa. Perde-
se alguma coisa da elaboração sustentada na teoria dos
discursos, pois os discursos são marcados pela debilidade
ou sustentados pelo semblante, e se ganha com o que ele
chama “aparelhos-pivô”, cuja manipulação pode dar conta
da operação analítica. O nó, portanto, não está no nível do
discurso e sim da escritura, é uma escritura que suporta
um real.
A debilidade é inevitável ao ser falante, o que
resulta do sentido que o imaginário produz. Por isso Lacan
convida os analistas a serem tolos ao operar com o nó, a
usá-lo bestamente. Ele acrescenta “Não se deve entrar
nesse assunto pela dúvida obsessiva, nem hesitar muito”
(LACAN, 1974/1975, p. 10). “Os nós são a coisa para que o
80 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Inibição, sintoma, angústia, Ano II n. 1, pp. 79-85, 2016
O Seminário RSI é fundamental para a clínica
psicanalítica e já na sua primeira lição Lacan chama atenção
para as rodelas de barbante dizendo que os três termos
do nó, real, simbólico e imaginário, são veiculadores de
sentido. O nó é veiculador de sentido, mas de modo algum,
serve de base para uma mensagem. A escrita do nó faz
barra ao significado, estando o sentido relativizado. A ideia
é dar provas da existência da cadeia borromeana como
fundamento do pensamento e, sobretudo, do sentido, mas
na sua relação com o inconsciente e o sintoma e não com
a palavra. O que está em jogo vai além do sentido, vai além
da metáfora e metonímia, vai além do Édipo.
Lacan com isso quer dar um passo a mais e
sabe que ganhará algo, mas, à custa de outra coisa. Perde-
se alguma coisa da elaboração sustentada na teoria dos
discursos, pois os discursos são marcados pela debilidade
ou sustentados pelo semblante, e se ganha com o que ele
chama “aparelhos-pivô”, cuja manipulação pode dar conta
da operação analítica. O nó, portanto, não está no nível do
discurso e sim da escritura, é uma escritura que suporta
um real.
A debilidade é inevitável ao ser falante, o que
resulta do sentido que o imaginário produz. Por isso Lacan
convida os analistas a serem tolos ao operar com o nó, a
usá-lo bestamente. Ele acrescenta “Não se deve entrar
nesse assunto pela dúvida obsessiva, nem hesitar muito”
(LACAN, 1974/1975, p. 10). “Os nós são a coisa para que o
80 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Inibição, sintoma, angústia, Ano II n. 1, pp. 79-85, 2016