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Ana Maria Fabrino Favato

espírito é o mais rebelde,(...) meter-se na prática dos nós Função de nominação
é romper com a inibição”, cito Lacan no texto de Aurélio
Sousa, A topologia do sujeito e sua errância (SOUZA,
2014).

Com a cadeia borromeana, Lacan diz ter
captado algo de fundamental: a entrada em jogo do traço
que desenha a experiência analítica. Esse desenho faz
consistir, faz existir aquilo com que se trabalha na prática
da psicanálise. Trata-se de um lugar na estrutura de onde
não se pode retirar-se. Lacan insiste, persevera e nos
convida a sair da inibição, a usar as mãos e pés. (Idem, p.
04). É indispensável, portanto, que o analista seja dois. O
analista para ter efeitos na intensão e o analista que esses
efeitos teorizam na extensão.

O nó é uma forma de dar uma medida comum
aos registros do Real, Simbólico e Imaginário. As três
consistências tornam-se homeomorfas de modo que passam
a ser tratadas de uma maneira conjunta. Homogeneizá-las
foi o jeito de poder contá-las a partir do momento em que
a conta começa a partir do três. O esforço do Seminário
RSI é nomear, escrever, formular, criar as palavras que
convêm para indicar a relação entre os três termos. Outras
dimensões podem ser inventadas e chegar a quatro, mas a
marca do três é uma necessidade do nó. O três é uma cifra
necessária para colocar uma existência que não constitua
imagem. Se há dois estamos no imaginário, com três
estamos no Real.

Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Inibição, sintoma, angústia, Ano II n. 1, pp. 79-85, 2016 81
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