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Rosana Scarponi Pinto Função de nominação

um significante nem no sujeito e nem no Outro que dê
conta do ser, da mulher e da morte. A falta é condição de
inscrição na linguagem. “...tudo o que ensino da estrutura
do sujeito, tal como tentamos articular a partir da relação
com o significante, converge para a emergência desses
momentos de “fading” (evanescimento) propriamente
ligados a essa batida em eclipse do que só aparece para
desaparecer e reaparece para de novo desaparecer, o que é
o distintivo do sujeito como tal” (Lacan 24/01/62).

A repetição surge, então, como repetição
significante na hiância existente entre S1 e S2, articulação
constantemente giratória do jogo da linguagem. Essa é
uma tentativa de restabelecer a marca do encontro, pois,
na verdade, não se trata da constituição de um eu-síntese
e sim de um eu faltoso e tórico, em torno do qual giram a
demanda e o desejo num circuito pulsional insistente na
relação do sujeito com o objeto.

No último capítulo de RSI, vimos Lacan afirmar
que a nomeação do nome próprio dada pelo pai simbólico é
inconsistente e não basta para fazer a função de nominação
que enoda RSI. O buraco do simbólico é estrutural e faz
aparecer no enodamento, o Nome do Pai, onde se dá o
sentido. Mas há que se ir além da identificação e do Édipo,
para que uma nominação que toque o real se escreva,
permitindo sair da impossível reciprocidade entre sujeito
e objeto causa do desejo. Ir além, porque há uma falha do

Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Inibição, sintoma, angústia, Ano II n. 1, pp. 71-78, 2016 75
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