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AngústiaNotas freudianas sobre o desejo de dormir, o desejo de sonhar e a angústia
alucinação. Tentativa vã, mas essencial na instauração de
um aparelho psíquico capaz de suportar a hiância do objeto,
de onde, com o tempo, advirá o simbólico propriamente
dito, a que Lacan denominará F maiúsculo.
No texto metapsicológico acima citado, um ponto
chama a atenção. A observação freudiana de que quanto
mais fortes forem as moções pulsionais inconscientes,
mais instável será o sonho, e, sendo o Eu incapaz de inibir
tais moções recalcadas, acontece ao sujeito, inclusive,
desistir do sono em razão do medo de sonhar.
É a partir dessa observação sobre a angústia que
advém do fato de o sonho ser tomado como um perigo, que
considero ser possível o estabelecimento da série: desejo
de dormir, desejo de sonhar e a angústia – série que norteia
e nomeia este escrito.
Freud em O Eu e o Isso, ao se perguntar como
uma representação inconsciente se torna consciente,
levanta duas hipóteses. As representações inconscientes
avançam para a superfície que faz surgir a consciência?
Ou a consciência vai até às representações inconscientes?
Ele responderá, categoricamente, que não se trata de nada
disso, mas, sim, que é por intermédio das representações
verbais pré-conscientes que algo se torna consciente.
Rigorosamente falando, algo se torna necessariamente
pré-consciente para se tornar consciente (FREUD, 2011)
No entanto, Freud observa que em relação aos
afetos o Pcs é dispensado de sua função de elo intermediário
52 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Inibição, sintoma, angústia, Ano II n. 1, pp. 49-58, 2016
alucinação. Tentativa vã, mas essencial na instauração de
um aparelho psíquico capaz de suportar a hiância do objeto,
de onde, com o tempo, advirá o simbólico propriamente
dito, a que Lacan denominará F maiúsculo.
No texto metapsicológico acima citado, um ponto
chama a atenção. A observação freudiana de que quanto
mais fortes forem as moções pulsionais inconscientes,
mais instável será o sonho, e, sendo o Eu incapaz de inibir
tais moções recalcadas, acontece ao sujeito, inclusive,
desistir do sono em razão do medo de sonhar.
É a partir dessa observação sobre a angústia que
advém do fato de o sonho ser tomado como um perigo, que
considero ser possível o estabelecimento da série: desejo
de dormir, desejo de sonhar e a angústia – série que norteia
e nomeia este escrito.
Freud em O Eu e o Isso, ao se perguntar como
uma representação inconsciente se torna consciente,
levanta duas hipóteses. As representações inconscientes
avançam para a superfície que faz surgir a consciência?
Ou a consciência vai até às representações inconscientes?
Ele responderá, categoricamente, que não se trata de nada
disso, mas, sim, que é por intermédio das representações
verbais pré-conscientes que algo se torna consciente.
Rigorosamente falando, algo se torna necessariamente
pré-consciente para se tornar consciente (FREUD, 2011)
No entanto, Freud observa que em relação aos
afetos o Pcs é dispensado de sua função de elo intermediário
52 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Inibição, sintoma, angústia, Ano II n. 1, pp. 49-58, 2016